Fundamentado nas matrizes que construíram a nossa história,
expressadas através das danças e musicalidade dos blocos afro e dos afoxés, na
alegria e no gingado do samba, na força e balanço do reggae, que integram o
Carnaval Ouro Negro em 2020. Com a diversidade de gerações e de ritmos que
ocupam os palcos do Carnaval do Pelô, e que ainda toma conta das ruas mantendo
a tradição que une os foliões no Centro Histórico. Por meio destes projetos de
grande participação comunitária e popular, o Carnaval da Cultura, que integra o
Carnaval da Bahia, do Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura, dá
continuidade às políticas de preservação e democratização na maior folia do mundo,
que segue colorida, diversa e com o espírito folião que contagia todo baiano.
Pelô – Com o tema 70 Anos do Trio Elétrico, o Carnaval da
Bahia traz uma justa homenagem à revolução que Dodô e Osmar provocaram na
folia. No palco do Carnaval do Pelô, em noite de abertura, os Irmãos Macêdo –
Armandinho, Betinho, Aroldo e André – herdeiros de Osmar e mantenedores desta
história, vão trazer um repertório que se mescla a fatos históricos da folia
baiana. A abertura será sexta-feira (21), às 20h, no Largo do Pelourinho, palco
principal da festa no Centro Histórico. A festa terá continuidade com mais um
grande mestre da música brasileira, a história do carnaval da Bahia está ligada
à dele, Moraes Moreira. A apresentação está marcada para 22h30. Finalizando a primeira noite de folia, sobe
ao palco a cantora Amanda Santiago, levando a sua “batucada brasilady” para o
carnaval.
Durante cinco dias de folia, o Carnaval do Pelô promove
encontros no palco principal, reunindo gerações e nomes que à primeira vista
podem parecer contrastar, porém no palco demonstram integração e sintonia. Os
largos Pedro Archanjo, Tereza Batista e Quincas Berro D’Água unem as diferentes
tribos, com uma grande diversidade de ritmos e atrações. Pelas ruas o clima é
de carnaval das antigas, subindo e descendo na companhia das bandas e
performances. E para completar a festa, vibrando com as comemorações dos 70
Anos do Trio Elétrico, o folião pipoca vai atrás dos microtrios e nanotrios,
que encantam com criatividade e os sons dos diversos carnavais.
Os shows selecionados pelo Projeto Três Artistas começam no
sábado (22) de folia, e começa com um encontro potente entre expoentes da
música brasileira contemporânea, a carioca Ava Rocha, o paulista Leo Cavalcanti
e o maranhense Negro Leo. Dando continuidade, o soteropolitano Raul Seixas, que
se ainda estivesse vivo completaria 75 anos no ano de 2020, é homenageado por
Bruna Barreto, Irmão Carlos Psicofunk e Orí, no show Raul 75, que mergulha na
sua obra. O domingo (23) convida a uma viagem no tempo pelos carnavais da
Bahia, de Pernambuco e outros da região, com o show Pelô Nordeste, Janaína
Carvalho, Lala Carvalho e Pedro de Rosa Morais. A história do carnaval,
passando pelas marchas carnavalescas, os sambas-enredo, a guitarra baiana e o
samba reggae, caracteriza o show De Chiquinha a Moraes – A História Cantada do
Carnaval, com Juliana Ribeiro, Morotó Slim e Peu Meurray.
Dando continuidade aos projetos selecionados, a força e a
ancestralidade das grandes Iyalorixás e Alabês inspiraram “Pradarrum – Saudação
às matriarcas”, que abre a noite segunda-feira (24) no Carnaval do Pelô,
reunindo as potências do percussionista e alabê baiano Gabi Guedes, do griô
senegalês Doudou Rose Thiorne e da cantora e compositora brasiliense Rose
Thiorne. Movidos pela paixão ao samba, os cantores Simone Mota, Mazzo Guimarães
e Luciano Salvador Bahia trazem o show “Eu Sambo Mesmo”, que traz grandes
homenagens a compositores baianos do gênero. Terça-feira (25), dia de
encerramento do Carnaval do Pelô, um dos grandes mestres da cultura popular, o
repentista Bule Bule, se reúne ao cantor, compositor e violonista santamarense
Roberto Mendes e à mansa fúria de Josyara para trazer ao palco o “Som Interior
– Trovas Violadas de uma Bahia Profunda”. Em seguida, o contrabaixista,
compositor e arranjador Luciano Calazans, ao lado de Alexandre Vieira e Cesário
Leoni, apresenta “Ivetes, Maria Brasileira”. Encerrando as apresentações do
projeto três artistas, Lazzo Matumbi, Skanibais e Duda Diamba apresentam
TRIUNIDADE, no qual propõem um passeio musical cheio de misturas e influências
mundiais, comprovados pela experiência e trajetórias dos artistas envolvidos.
Atrações dos estilos afro, antigos carnavais, arrocha, axé,
guitarra baiana, rap, reggae, samba e orquestras, selecionadas via edital,
promovem a mistura que promete balançar a folia nos largos Pedro Archanjo,
Tereza Batista e Quincas Berro D’Água. Samba do Vai Kem Ké, Bailinho de Quinta,
Clécia Queiroz, Dionorina, Mr Armeng, Vandal, Mavi, Gal do Beco e Orquestra
Fred Dantas são alguns dos destaques entre os nomes que irão movimentar os
cinco dias de programação. Também tem
opção para a criançada no Largo Pedro Archanjo, de sábado a terça-feira, sempre
às 15h30, com os bailes infantis, que serão comandados por CadeiraDeBrin, Grupo
Pé de Lata, Gatos Multicores e PUMM – Por um Mundo Melhor.
Quem ama o Carnaval do Pelô já sabe que não podem faltar os
bloquinhos formados por bandinhas, bandões e grupos artísticos de performances,
encantando no sobe e desce das ruas e ladeiras do Centro Histórico. Os desfiles
acontecem de sábado a terça-feira, das 16h às 21h. Dentre as atrações, têm
Escola de Samba Unidos de Itapuã, Folia Mamulengo, Cia de Danças e Folguedos,
Filó Brincante e Paroano Sai Milhó.
A comemoração dos 70 anos do Trio Elétrico fica mais
completa com a inventividade e o som contagiante dos microtrios e nanotrios que
movimentam o folião pipoca. Estão dentro da folia os microtrios Banda Marana,
Tuk Tuk Sonoro & Sylvia Patrícia, Los Cuatro, Rural Elétrica, Maíra Lins –
Buteco Elétrico, e Microtrio Ivan Huol – Em Águas. Do lado dos nanotrios, a
festa por conta de Bike Axé, Pelô Bossa Reggae, Coletivo Di Tambor e Rixô
Elétrico.
Ouro Negro – O Governo do Estado segue fortalecendo o
carnaval dos blocos de matrizes africanas através do edital Carnaval Ouro
Negro, que comemora 13 anos estimulando a participação de agremiações oriundas
das diversas comunidades de Salvador, que tem na folia o ápice para as diversas
atividades sociais que são desenvolvidas ao longo do ano. Indumentárias, toques
percussivos, danças, performances e cantos fazem parte dos espetáculos, que
trazem em si a força da ancestralidade e da tradição. 49 blocos, das categorias
afro, afoxé, samba e reggae desfilam este ano com o apoio.
O bloco afro Olodum destaca-se no ano de 2020 com um tema
que exalta a força feminina, homenageando as grandes mulheres que fizeram parte
da sua história de mais de 40 anos, “Mãe, Mulher, Maria, Olodum – Uma História
das Mulheres”. Um momento imperdível de todo ano é a tradicional saída do bloco
de sua comunidade, no Pelourinho, na sexta-feira de carnaval, movimentando o
circuito Batatinha antes de seguir para a avenida. Blocos afro comandados e
formados por mulheres também reafirmam a sua força nos dias de desfile.
Homenageando a Mãe Stella de Oxóssi, A Mulherada desfila no circuito Osmar no
primeiro dia de carnaval, quinta-feira, às 17h.
O bloco afro Didá, que tem um trabalho social e cultural voltado para
crianças e mulheres no Centro Histórico de Salvador, acredita no tambor como
base educacional, e leva seu samba reggae, que consideram uma ferramenta de
transformação social, para o Carnaval Ouro Negro. O tema do desfile será “Didá
Iabá Mãe Natureza Guerreira, Natureza Mãe Mulher”.
Da categoria samba, um dos destaques mais celebrados será o
bloco Alvorada, com o desfile que comemora os seus 45 Anos. Bloco pioneiro de
samba da folia e da sexta-feira de carnaval na capital baiana, que não existia
até 1975, a agremiação levará para a avenida este ano o tema “45 anos depois”,
contando sua própria história. Na quinta-feira, dia mais movimentado para os
blocos de samba do Ouro Negro na avenida, o Alerta Geral abre os festejos
esbanjando elegância com o chapéu Panamá. Proibido Proibir, Pagode Total,
Fogueirão, Na Moral, Samba e Folia, e o Rodopiô, que integra pela primeira vez
o programa, são alguns dos demais blocos contemplados.
As agremiações Reggae O Bloco e o Ska Reggae levam para a
avenida um pedido de paz, em sintonia com os valores divulgados pelo ritmo
jamaicano, e mantendo a tradição dos blocos de reggae, que marcam a história da
folia carnavalesca.
O Afoxé Filhos de Gandhy, fundado em 1949, sendo a
agremiação mais antiga contemplada pelo edital, traz para o carnaval 2020 o
tema Omolú – Obaluayê, Deuses da Terra, da Doença e da Cura. O tapete branco da
paz se estende na avenida, mas antes disto, no domingo, é tradição o Padê de
Exú, que no Largo do Pelourinho abre os caminhos para o desfile do bloco. Entre
outros afoxés contemplados este ano, os Filhos do Congo homenageiam ao Herói
Negro Juliano Moreira, Pai da Psiquiatria, levando uma importante reflexão e
referências históricas para o desfile.
Dentre outras agremiações contempladas pelo Carnaval Ouro
Negro em 2020 estão Cortejo Afro, Muzenza, Laroyê Arriba, Quero Ver o Momo,
Blocão da Liberdade, Tambores e Cores, Bloco da Saudade, Gera Dois, Mutantes e
o bloco infantil Ibeji.
Foto: Alexandre Martins.
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