Eu nasci em 05 de maio de 1963.
Menos de um ano depois, exatamente em 31 de março de 1064 o Brasil foi tomado
pelos militares e este golpe durou 21 anos. Durante este período negro da nossa
história a imprensa foi silenciada ou compactuou voluntariamente com o seu
silêncio, jovens foram perseguidos, torturados e mortos. Muitos desapareceram e
até hoje não se tem notícia do paradeiro deles. Mas nada foi tão brutal quanto
as torturas que as mulheres que lutavam pelo restabelecimento da democracia
sofreram.
Foi em 1978, quando era um dos
líderes do Grupo Jovem ligado à Igreja Católica em minha cidade, Paulo Afonso na
Bahia, que comecei a ter acesso à política. E tudo se deu porque a cidade
naquele ano estava vivendo um movimento grevista realizado pelos
eletricitários. Funcionários da Empresa Chesf – Companhia Hidrelétrica do
São Francisco, que já foi responsável pelo abastecimento de energia para todo o
Nordeste.
Alguns pauloafonsinos que
estudavam em Recife vieram dar apoio a grave. Eles circularam em escolas e
grupos convocando a todos para apoiar os trabalhadores. Confesso que eu não
conhecia nada do assunto, mas por conta do trabalho evangélico, eu já sabia o
que era certo ou errado para apoiar.
Depois daquele primeiro
contato, construí amizades, tive conhecimento com o que o Brasil viverá até
aquele momento e despertou dentro de mim um sentimento de luta que vive até os
dias de hoje. As vezes leio “o que tu sabe do “movimento” de 64?”. Acho
engraçado a pergunta, porque ela mostra a ignorância por trás. Ninguém
precisaria ter nascido dez, vinte anos antes para ter vivido os anos de chumbo.
Pesquisar, ler, ouvir histórias e buscar a informação do que foram aqueles
anos, dá a qualquer uma pessoa as informações necessárias para definir que foi
um período que não mais queremos que se repita no Brasil.
Ditadura Nunca Mais!
Várias mulheres, torturadas
pelos órgãos de repressão narraram em seus depoimentos as formas que foram
seviciadas pelo regime militar. “Sentou-se numa cadeira conhecida como cadeira
do dragão, que é uma cadeira extremamente pesada, cujo assento é de zinco, e
que na parte posterior tem uma proeminência para ser introduzido um dos
terminais da máquina de choque chamado magneto; que, além disso, a cadeira
apresentava uma travessa de madeira que empurrava as suas pernas para trás, de
modo que a cada espasmo de descarga as suas pernas batessem na travessa citada,
provocando ferimentos profundos”, era A “cadeira do dragão”. “O eletrochoque é dado por um telefone de
campanha do Exército que possuía dois fios longos que são ligados ao corpo,
normalmente nas partes sexuais, além dos ouvidos, dentes, língua e dedos”, a “Pimentinha”.
“Que apesar de estar grávida na ocasião e disto ter ciência os seus
torturadores (...) ficou vários dias sem qualquer alimentação”.
Despidas e torturadas com seus
filhos ao lado. Humilhadas como ser humano. Mesmo assim, resistiram a todos os infortúnios.
Desse período há histórias de sádicos que, além de praticarem a tortura, tinham
prazer em realiza-las. Alguns diriam que são animais. Mas isto não pode ser
verdade. Não há registro na história que animais fazem algo parecido com seus
semelhantes. Eles foram e continuam sendo piores.
Para a Presidenta do Partido
dos Trabalhadores, Gelisi Hoffman, o “dia 31 de março é um dia que envergonha o
Brasil. Não temos nada a comemorar nesta data, muito pelo contrário,
gostaríamos que nunca este fato tivesse acontecido. Festejar torturas,
assassinatos e a repressão, como propôs Jair Bolsonaro, é ofensa à democracia e
aos que deram a vida por ela.
Já estamos vivendo tempos
sombrios desde a prisão do ex-presidente Lula. Uma prisão política, que reedita
os tempos da ditadura. E tudo tende a piorar quando o próprio governo e
seus aliados incentivam o ódio e a intolerância. Mais do que nunca, esse momento
exige resistência e luta das forças progressistas e democráticas”. Ela fala com
a propriedade de quem comanda com maestria o maior partido político do país e
como mulher, sabe muito bem o que é lutar diariamente, mesmo nos dias de hoje,
contra todas as formas de torturas, hoje representadas pela injustiça nos tribunais
e pelo machismo.
A luta dessa mulher é
referência para todas as outras que buscam espaço e igualdade de oportunidades,
seja nos parlamentos, trabalhos ou suas residências.
O Deputado Federal e líder
Petista, Paulo Pimenta, acredita que “o Brasil até hoje não fez o luto da
ditadura porque há pessoas, como Bolsonaro e seus seguidores, que continuam
defendendo aquele período de terror de Estado. Isso não é conservadorismo. Isso
é desprezo pela civilização, pela democracia e pelos mínimos padrões éticos de
respeito ao próximo que construímos ao longo de milênios de convivência em
sociedade”.
Pimenta é um daqueles
parlamentares que a população terá ao seu lado em todos os momentos, independentemente
da situação.
Saber que Gleisi e Paulo estão
na Câmara Federal lutando para que a democracia brasileira não saia novamente
dos trilhos e desemboque em uma nova ditadura, dá aos brasileiros a certeza de
que ainda existem mulheres e homens dispostos a sacrificar suas vidas pessoais
por todos.
E que o que aconteceu nos porões
da ditadura não seja esquecido, que a história não seja esquecida para que as gerações
possam tomar conhecimento dela. Que o irresponsável e atual presidente,
Bolsonaro, assuma o seu mandato e deixe de ser o Nero brasileiro, em vez de
tocar fogo todos os dias na sociedade, leve o Brasil a ser novamente respeitado
ou entregue o cargo e que seja feito novas eleições.