Comemos bois assassinados em filas de abate, que sabem,
desesperados, que vão morrer.
Comemos bodes e carneiros assassinados com pancadas de
porretes na cabeça.
Comemos porcos que são pendurados pelas patas e degolados,
enquanto urram, sangrando até morrer.
Comemos perus e frangos mortos ao terem seus pescoços e
colunas quebrados.
Comemos peixes que morrem asfixiados.
Comemos caranguejos que são jogados em
Panelas de água fervendo.
Comemos ostras vivas.
Comemos animais que são assassinados aos milhares
diariamente.
Acho que em um momento sem reflexão ou maior aprofundamento,
pensamos que “é um absurdo medieval os sacrifícios de animais no candomblé”.
Um pensamento justo.
Mas com um pouco mais de atenção, percebemos que nossa
avaliação é precipitada.
Os sacrifícios são feitos por ritualistas, de forma muito
mais humana e sagrada.
E os animais sacrificados servirão de alimentos em rituais
sagrados para as pessoas da comunidade.
Nada que açougues e frigoríficos não façam por nós de forma
bem mais violenta e desrespeitosa.
Os sacrifícios do candomblé também não são particularidades apenas
desta crença: os judeus samaritanos também matam em sacrifícios carneiros de um
ano em seus rituais.
Religião africana, repleta de simbolismos e riquezas
espirituais.
Os espíritas demonstram preconceito ao dizerem que no
candomblé os espíritos que são incorporados são “espíritos menos evoluídos”.
Os católicos e evangélicos, pela herança ocidental branca e
dominante.
Ninguém chama de demônio o Deus nórdico Thor, loiro e
malhado, que oferecia sacrifícios humanos em seus rituais.
Mas normalmente vemos críticas e preconceito contra os
deuses do candomblé.
Uma crítica que vem do racismo, da tradição secular de
demonização e dominação impostas pelas religiões cristãs e pela ignorância.
O candomblé sempre sofreu preconceito.
E sempre resistiu ao tempo.
Justamente pela força dos orixás, dos seus fiéis e do
sagrado.
Como em todas as religiões, há costumes que precisamos
apenas respeitar.
Ou nos esquecemos que a religião mais poderosa do mundo
ocidental prega que comer carne humana e beber sangue humano, ajoelhado diante
de um instrumento de tortura, é o seu momento mais sagrado?
Viva o candomblé.
Viva a fé.
Viva as religiões que nos aproximam do amor; e não do ódio.
Viva Papa Francisco, Mãe Menininha e Chico Xavier.
Axé.
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