Algum tempo depois dos "co-irmãos", a Editora
Abril recorreu ao infatigável Passaralho para dar um jeito na incompetência de
quem a dirige.
Desta vez, segundo comunicado da própria empresa, 150
cabeças foram cortadas, algumas revistas "descontinuadas", para usar
a linguagem paupérrima e abominável desses "empreendedores".
Com as medidas que tomou, a Abril revela que a crise no
setor editorial é uma das mais profundas já vistas no Brasil.
E, pior, não há nada que indique que termine tão cedo.
As causas, porém, não devem ser creditadas a fatores
externos ao dia a dia das empresas, como, por exemplo, um desaquecimento
econômico, esse mesmo tão alardeado pelas suas próprias publicações.
Isso porque esse país que a Abril, Estadão, Folha, Globo e
que tais fazem questão de mostrar aos seus leitores simplesmente não existe, é
uma ficção criada por eles na tentativa de, como partidos políticos informais
que são, vencer a disputa pelo poder político, defenestrar os trabalhistas do
Palácio do Planalto, derrotar, enfim, o projeto que pretende resgatar o Brasil
de séculos de injustiças e desigualdades sociais e econômicas.
A razão principal para o desajuste nas contas desse império
da informação, controlado por meia dúzia de famílias, é que, simplesmente, eles
são péssimos administradores de seus negócios.
Talvez porque seus olhos estivessem embotados pelo ódio aos
inimigos na guerra que declararam às forças progressistas desde que o Brasil se
livrou da ditadura militar, eles foram incapazes de acompanhar as
transformações tecnológicas verificadas no mundo, não conseguiram perceber que
a internet se constituía na revolução mais importante da civilização dos
últimos tempos.
Apegados ao conservadorismo exacerbado, se deixaram
atropelar pela história - e hoje estão a um passo, um mísero passo, de virarem,
eles próprios, história.
Não conheço um só jovem que assine um jornal ou uma revista.
Em compensação, todos usam, com toda a naturalidade,
smartphones, tablets, notebooks, todos participam de redes sociais, se
comunicam das mais variadas formas instantaneamente, sabem muito mais do que se
passa no planeta, pelo menos sobre o que interessa a eles, do que a maioria dos
jornalistas que se julgam formadores da opinião pública.
Esse fato, por si só, é mais expressivo que dezenas de teorias
que se formulam sobre o tema.
E leva a uma conclusão óbvia: os impérios da comunicação,
como todos os impérios que já existiram, vão desaparecer.
Pode ser daqui a poucos anos ou demorar mais.
O destino, porém, é irremediável.
E, para a desgraça desses executivos geniais, desses
luminares da administração, não há Passaralho, por mais faminto que esteja, que
possa dar jeito.