Uma análise de conjuntura realista (Por Artur Araújo)


Uma análise de conjuntura realista tem que partir disto

"De acordo com o Datafolha, em dezembro do ano passado, às vésperas da posse do presidente Bolsonaro, o otimismo era disseminado em todas as faixas de renda. Àquela altura, cerca de 65% dos entrevistados, independentemente do nível salarial, projetavam melhora na situação econômica para 2019.

A economia, porém, não reagiu na velocidade esperada. Uma retomada mais consistente só começou a aparecer no segundo semestre, o que arrefeceu o otimismo.


No entanto, à medida que a atividade foi reagindo, a melhora da percepção sobre a economia do país foi crescendo, mas não de forma homogênea: concentrou-se nas camadas com renda mais alta."

O voto em Bolsonaro, para além de "considerações superestruturais" - antipetismo, "fascínio da Ordem", "valores morais ultraconservadores", repúdio à corrupção, peso das fake news, "anti-sistemitite", emoção da facada, etc, etc - tinha evidente substrato material: forte expectativa de que a troca da esquerda pela direita traria de volta a melhoria da vida real.

É visível o quanto se consolida a frustração dessa expectativa entre os segmentos de menor renda, mesmo bombardeados diuturnamente com a propaganda do "tá melhorando, devagar mas tá".

O recado para nós, oposicionistas, está escrito com letras de fogo em todos os muros: "é a vida, é o bolso, não são os problemas políticos de vocês o que nos interessa, estúpidos".

Não lê quem não quer e quem não ler, compreender e aplicar continuará falando sozinho, imprecando contra as paredes das bolhas, das torres de marfim e das tumbas, culpando o povo ou as deusas pelos resultados frustrantes de suas próprias manias umbilicais.

Por: Artur Araújo.

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