No dia 22 de maio de 2017, Sergio Moro enviou mensagem para
Deltan Dallagnol e comentou: "Ano passado dei uma palestra lá para eles,
bem organizada e bem paga".
A palestra foi no dia 21 de setembro de 2016, no Teatro
Feevale, em Novo Hamburgo. Eles eram os representantes do Grupo Sinos, que o
contrataram e queriam falar com Dallagnol.
É o que conta reportagem da Folha de hoje sobre o juiz
palestrante. Moro diz que fez a palestra e que foi bem pago. E que Dallagnol,
claro, deveria pegar essa boca.
O detalhe importante é este: o juiz acha que foi bem
remunerado. Hoje, ele informa pelo Twitter que doou o cachê para uma
instituição que cuida de pessoas com deficiência.
E a doação foi de R$ 10 mil. O poderoso juiz da Lava-Jato
considerava-se bem pago com cachê de R$ 10 mil? Dallagnol não fazia palestra
por menos de R$ 40 mil.
Pouco depois, em 2018, Dallagnol foi ao mesmo teatro a
convite do mesmo Grupo Sinos. Ele conta depois em mensagem à esposa que teria
reduzido o cachê para R$ 10 mil.
Mas Moro teve um público de 2 mil pessoas. E o procurador acredita
que tenha sido aplaudido por 400 ou 500 pessoas.
Fui pesquisar as notícias da época e fiquei sabendo que os
ingressos para a palestra de Moro custaram entre R$ 50 e R$ 90 (dependendo da
localização). Para estimativa de arrecadação, com uma média de R$ 70 por
ingresso, a receita teria sido de cerca de R$ 140 mil só com ingressos, fora os
patrocínios.
E deram apenas R$ 10 mil a Sergio Moro? O juiz se considerou
bem pago com R$ 10 mil? Quem ficou com a maior parte? O bilheteiro?
Por que o juiz escondeu de seus superiores e dos órgãos de
controle da magistratura que fizera a palestra e que cobrara os R$ 10 mil? Por
que escondeu, se havia decidido doar o cachê? O que o juiz tinha de fato a
esconder sobre a palestra paga em Novo Hamburgo? Essa história está bem
contada?
Por: Moisés Mendes.
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