O mecanismo é perverso porque cria uma distorção absurda:
muitas dessas beneficiárias evitam o casamento formal apenas para não perder a
pensão. Trata-se de um arranjo que perpetua privilégios e reforça
desigualdades, já que não há exigência de vulnerabilidade econômica ou
incapacidade física para manter o benefício. Em pleno 2025, enquanto milhões de
brasileiros enfrentam dificuldades para acessar serviços básicos, essas
mulheres vivem confortavelmente às custas de um dinheiro público que deveria
estar destinado a saúde, educação e segurança.
A crítica não se limita ao comportamento individual, mas ao
sistema que permitiu que tal aberração se consolidasse. Criado em meados do
século passado, o modelo foi pensado para proteger famílias em tempos de
guerra, mas se transformou em um esquema de perpetuação de privilégios. Hoje, a
maioria das beneficiárias sequer tem relação com a realidade de ex-combatentes
ou dependência financeira, mas insiste em manter o status de “solteira” como
estratégia para continuar sugando recursos da União.
O resultado é um escândalo que expõe a face mais cruel da
máquina pública: a incapacidade de cortar privilégios históricos mesmo diante
da pressão social. Enquanto o trabalhador comum paga impostos pesados e vê
serviços públicos em colapso, uma parcela de mulheres se agarra a um benefício
anacrônico, sustentado por um sistema que insiste em proteger castas militares.
É um retrato de injustiça que deveria envergonhar qualquer nação que se
pretenda moderna e democrática.

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