O Partido dos Trabalhadores, que orientou voto contrário,
defende que o enfrentamento às facções precisa ser feito com inteligência,
fortalecimento das polícias e políticas sociais que ataquem a raiz da
criminalidade. Para o governo, o texto aprovado pela Câmara foi distorcido em
relação à proposta original enviada pelo Executivo, que buscava ampliar
instrumentos legais sem comprometer direitos fundamentais. No Senado, aliados
de Lula já articulam mudanças para corrigir falhas e garantir que o projeto não
se transforme em um retrocesso institucional.
A disputa em torno do PL Antifacção revela o choque entre
uma direita que aposta no endurecimento penal como solução imediata e um
governo que insiste em preservar a democracia como condição para enfrentar o
crime de forma duradoura. Lula e o PT sustentam que não basta aumentar penas: é
preciso investir em educação, inclusão social e fortalecimento das
instituições, evitando que o país se torne refém de políticas de exceção. O
debate, portanto, não é apenas jurídico, mas político e civilizatório.
Se a Câmara transformou o projeto em palco de vitória da
oposição, o Senado agora se torna o espaço decisivo para que o governo
reconstrua o texto e reafirme sua visão de segurança pública aliada à
democracia. O escândalo está em ver setores conservadores comemorando como se
endurecer penas fosse suficiente para desmontar facções que se alimentam da
desigualdade. Lula, ao contrário, aposta em uma estratégia mais ampla: combater
o crime sem abrir mão da Constituição, mostrando que a verdadeira vitória será
sempre da democracia.

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