A cena cotidiana é reveladora com ônibus lotados em
silêncio, cada passageiro mergulhado em seu celular, como se o mundo físico
tivesse perdido relevância. O Jornal Nacional destacou que quase 200 crimes por
dia são denunciados no Brasil envolvendo internet, um dado que expõe como a hiperconexão
não trouxe apenas conveniência, mas também riscos crescentes de violência,
golpes e manipulação. A promessa de aproximação virou isolamento, e a rotina de
checar notificações a cada minuto transformou-se em compulsão coletiva.
O impacto na saúde também é alarmante. A CNN Brasil relatou
que o uso inadequado da internet já afeta diretamente crianças e adolescentes,
com quase 30% deles relatando experiências ofensivas online. Além disso,
estudos apontam aumento de ansiedade, distúrbios do sono e queda no rendimento
escolar, sintomas que se espalham silenciosamente enquanto pais e educadores
tentam impor limites que raramente são respeitados. A tecnologia, que deveria
ser ferramenta, assumiu o papel de senhor absoluto da rotina.
O Brasil vive, portanto, uma epidemia digital que não pode
mais ser tratada como detalhe. A cada clique, a cada deslizar de tela, cresce a
sensação de que estamos entregando tempo, privacidade e até segurança para
empresas que lucram com nossa atenção. O que parecia progresso virou prisão
invisível, e a sociedade precisa decidir se continuará refém de aplicativos que
ditam horários, humores e até comportamentos, ou se terá coragem de retomar o
controle da própria vida.

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