Lewandowski e Castro batem de frente, mas Lula vira o jogo no rio

O embate público entre o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, sobre a condução da segurança no estado, ganhou destaque nacional nesta semana. Após a megaoperação que deixou mais de 120 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, Castro acusou o governo federal de omissão, enquanto Lewandowski rebateu afirmando que não houve pedido formal para o envio das Forças Armadas. A troca de farpas expôs divergências, mas também abriu espaço para o governo Lula reafirmar sua estratégia de combate ao crime organizado com base em inteligência e integração institucional.

Apesar da tensão inicial, o ministro deixou claro que a prioridade do governo federal é fortalecer a cooperação entre União e estados, evitando soluções improvisadas que apenas ampliam a violência. Lewandowski destacou que a ausência da Polícia Federal na operação não foi descaso, mas sim uma decisão técnica, já que não havia solicitação formal do governo estadual. Essa postura reforça a linha adotada pelo presidente Lula, que insiste em políticas de segurança pública planejadas, com foco em resultados duradouros e respeito aos direitos humanos.

Em resposta às críticas, o Palácio do Planalto articulou rapidamente a criação de um Escritório Emergencial de Combate ao Crime Organizado, anunciado em conjunto por Lewandowski e Castro após reunião no Palácio Guanabara. A medida prevê aumento do efetivo da Polícia Rodoviária Federal, reforço da Força Nacional e integração de dados de inteligência, mostrando que, mesmo diante de divergências, o governo federal não se furta a agir. O gesto foi interpretado como uma vitória política de Lula, que conseguiu transformar um conflito em oportunidade de cooperação.

No fim, o episódio revelou mais do que um atrito entre autoridades, ele mostrou que o governo federal está disposto a assumir protagonismo no enfrentamento ao crime, sem ceder a pressões por medidas midiáticas. Lula, Lewandowski e o PT saem fortalecidos, apresentando-se como defensores de uma política de segurança pública moderna, capaz de enfrentar facções criminosas sem abrir mão da legalidade. Já Castro, mesmo após as críticas, acabou reconhecendo a importância da parceria com Brasília, sinalizando que, no Rio, a disputa política pode até gerar manchetes, mas quem dita o rumo é a capacidade de articulação do governo federal.

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