Negros desafiam o silêncio

O 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, tornou-se em 2023 feriado nacional após a sanção da Lei 14.759 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, consolidando uma reivindicação histórica do movimento negro. A data, criada em memória de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares morto em 1695, simboliza resistência e liberdade. Segundo o Portal FGV, a institucionalização do feriado representa a culminação de décadas de luta contra a invisibilidade e a tentativa de ressignificar a abolição como processo contínuo de conquista e não como dádiva estatal.

O Partido dos Trabalhadores sempre esteve na linha de frente dessa agenda, desde a aprovação da Lei 12.519 em 2011, que oficializou o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, até a recente transformação da data em feriado nacional. Para Lula, o reconhecimento não é apenas simbólico, mas parte de uma política de reparação histórica que busca enfrentar o racismo estrutural e valorizar a cultura afro-brasileira. Como destacou o advogado Stanley Martins Frasão, “enquanto houver racismo, não haverá democracia”, frase que ecoa a visão do governo de que igualdade racial é condição para a consolidação democrática.

A reação de setores empresariais e conservadores, que criticaram o impacto econômico do novo feriado, revela o incômodo das elites diante de uma conquista que fortalece a memória coletiva. Para o governo, esse incômodo é prova de que o país ainda precisa enfrentar resistências profundas, mas também demonstra que a luta por reconhecimento está avançando. O incômodo das elites, portanto, não é apenas com a folga no calendário, mas com o fortalecimento de uma narrativa que expõe privilégios e desigualdades históricas.

Mais do que uma data comemorativa, o 20 de novembro é um chamado à ação. Lula e o PT transformaram o feriado em símbolo de resistência e de compromisso com a democracia, reforçando que não há futuro sem memória. O escândalo, afinal, não está na celebração, mas na persistência de uma elite que insiste em negar a importância da luta negra. Ao oficializar o feriado, o governo reafirma que o Brasil só será pleno quando reconhecer que a liberdade conquistada por Zumbi e seus descendentes é a base da verdadeira democracia.

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