Quem paga a conta do banco Master é você

O Brasil convive com um mecanismo que poucos entendem, mas que custa caro: o Fundo Garantidor de Créditos. Criado para proteger correntistas em caso de quebra de instituições financeiras, o FGC cobre até R$ 250 mil por cliente e por banco. Embora seja sustentado por contribuições das próprias instituições, na prática o sistema transfere para toda a sociedade o peso de salvar bancos mal administrados, já que os custos são repassados em tarifas e juros cada vez mais altos.

O caso recente do Banco Master, alvo de questionamentos sobre sua gestão e operações, reacendeu o debate. Não houve confirmação oficial de roubo, mas a simples possibilidade de intervenção já coloca o FGC como protagonista. Isso significa que, se houver problemas graves, os correntistas serão ressarcidos e o rombo será diluído entre todos os brasileiros que usam serviços bancários. A lógica é cruel: quem não tem nada a ver com a má gestão acaba pagando a conta.

O escândalo maior está na complacência política. Parlamentares que deveriam discutir limites e transparência do FGC permanecem em silêncio. Deputados ligados ao setor financeiro, como integrantes da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, evitam enfrentar o tema. O lobby bancário é poderoso e garante que qualquer tentativa de revisão do modelo seja enterrada antes de chegar ao plenário. Essa omissão transforma o Congresso em cúmplice de um sistema que privilegia bancos e penaliza cidadãos.

Enquanto isso, a população continua refém de tarifas abusivas e juros escorchantes, sem perceber que parte desse dinheiro serve para alimentar um fundo que protege instituições privadas. O resultado é um retrato escandaloso, o brasileiro comum paga duas vezes, primeiro como cliente e depois como contribuinte indireto de um mecanismo que deveria ser exceção, mas virou regra.

Em outubro de 2024, foi lançada na Câmara dos Deputados a Frente Parlamentar Mista dos Correspondentes Bancários, presidida por Luiz Fernando Faria (PSD-MG). O grupo reúne parlamentares de diferentes partidos com o objetivo de fortalecer o setor e defender os interesses das empresas que atuam como correspondentes bancários, prestando serviços em nome dos bancos. A iniciativa contou com apoio de diversos deputados e senadores, além da presença de representantes da Associação Nacional das Empresas Correspondentes Bancárias (ANEC), como Mônica Costa, e dirigentes de empresas ligadas ao setor.

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