A fuga coordenada desses três nomes não é apenas um gesto de
desespero político, mas uma afronta direta à soberania nacional. A presença
deles nos Estados Unidos, sem qualquer sinal de extradição ou cooperação
judicial, levanta suspeitas sobre o papel do governo americano em proteger
figuras que atentaram contra o Estado de Direito no Brasil. Ramagem chegou a
afirmar que ouviu de autoridades americanas que era “bom ter um amigo seguro
por lá”, frase que escancara o tratamento privilegiado dado a quem deveria
estar cumprindo pena por crimes contra a democracia.
O silêncio diplomático diante dessas evasões é ensurdecedor.
Enquanto o Supremo Tribunal Federal endurece o cerco contra os golpistas, os
Estados Unidos se tornam um refúgio confortável para quem deveria responder por
seus atos. A falta de reciprocidade jurídica entre os países transforma o
território americano em uma espécie de zona franca da impunidade, onde
fugitivos políticos brasileiros se reinventam como vítimas e ainda tentam
influenciar decisões internas do Brasil por meio de lobby internacional.
A permanência desses personagens nos EUA não é apenas um
problema jurídico, é um sintoma de uma doença maior, a conivência internacional
com a desinformação e o autoritarismo. Ao abrigar figuras condenadas e
investigadas por atentarem contra a democracia, os Estados Unidos não apenas
ignoram tratados de cooperação, como também se colocam como cúmplices indiretos
de um projeto golpista que ainda respira. O Brasil precisa reagir com firmeza,
exigindo que a justiça ultrapasse fronteiras e que nenhum fugitivo se esconda
atrás da cortina da diplomacia seletiva.

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