Prefeito, cadê o cofre?
A Justiça da Bahia suspendeu uma operação que cheirava a
apropriação indevida de dinheiro público, a liminar da 15ª Vara da Fazenda
Pública barrou o pagamento de R$ 183.194,76 que a Prefeitura de Salvador havia
se comprometido a transferir para custear o doutorado da secretária municipal
da Fazenda, Giovanna Guiotti Testa Victer, em curso oferecido pela FGV. A
decisão, assinada pelo juiz Glautemberg Bastos de Luna, interrompeu a liberação
de qualquer repasse até o julgamento de mérito e apontou tensão com princípios
básicos da administração pública.
Mais do que um deslize burocrático, o episódio revela o
contorno de uma prática comum, a administração do prefeito Bruno Reis e seu
grupo parecem tratar o erário como gabinete paralelo de privilégios. Autorizar
um contrato caro, sem concorrência, em benefício direto da própria gestora da
pasta desafia o mínimo de probidade que se exige de quem governa uma capital
com problemas estruturais acumulados. O magistrado não se limitou a técnico
jurídico, ele destacou que a moralidade administrativa foi colocada em xeque,
abrindo margem para questionamentos sobre escolha de prioridades na gestão
municipal.
A Prefeitura de Salvador e a secretária tentaram justificar
o gasto como política de capacitação, prometendo parcelamento e legalidade do
ato, mas a liminar desmonta a narrativa, e mostra que a administração pública
não pode pagar investimentos pessoais quando há demandas básicas não atendidas
e servidores aguardando recursos reconhecidos por lei. A medida judicial também
determinou que, se a secretária quiser seguir com o doutorado, deverá custeá-lo
com recursos próprios até decisão final, isto é um recado sobre
responsabilidade e limites do uso do dinheiro público.
O caso promete ser um nó político, além do potencial
desgaste jurídico, a exposição dessa decisão abre espaço para pressão social e
eleitoral sobre o prefeito Bruno Reis e sua base. Em uma cidade onde a máquina
pública é frequentemente avaliada pela capacidade de entrega a quem mais precisa,
bancar doutorados de R$ 183 mil é sinal de descompasso ético e de prioridades
invertidas.
Pergunta final para leitores e atores políticos e se em
Salvador, o erário serve ao interesse público ou aos caprichos do gabinete?
Quem governa deve responder com transparência, restituição de recursos e mea
culpa, caso contrário, a decisão da Justiça tem tudo para ser apenas o primeiro
capítulo de um escândalo maior que ainda está por vir.
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