Operação “salva mito” é a nova face do golpe

A movimentação nos bastidores do Congresso Nacional ganhou contornos de novela conspiratória nesta semana, com a ida do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, à capital federal para articular o que aliados chamam de “anistia política” ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas, para juristas, parlamentares da oposição e membros do Supremo Tribunal Federal (STF), o gesto é visto como uma tentativa escancarada de obstruir a Justiça e dar continuidade ao projeto golpista que culminou nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Tarcísio, que até então mantinha uma postura institucional, agora se revela como peça-chave na engrenagem da extrema-direita que tenta reescrever a história recente do país. A proposta de anistia, que circula em corredores discretos do Congresso, é encarada por muitos como uma afronta direta ao julgamento em curso no STF, onde réus envolvidos na tentativa de golpe estão sendo responsabilizados com o rigor que a democracia exige.

Essa movimentação é uma tentativa de apagar os crimes contra o Estado de Direito com uma borracha ideológica, A Corte (STF), que vem sendo firme na responsabilização dos envolvidos, vê com preocupação o avanço de articulações políticas que buscam blindar Bolsonaro e seus aliados, mesmo diante de provas contundentes e confissões já registradas.

Enquanto isso, parlamentares da direita radical intensificam discursos inflamados, tentando pintar os golpistas como “perseguidos políticos”. A estratégia é clara, transformar criminosos em mártires e deslegitimar as instituições que resistiram ao ataque à democracia.

A visita de Tarcísio, longe de ser apenas uma agenda administrativa, reacende o alerta sobre a persistência de forças que não aceitaram o resultado das urnas e que agora tentam, por vias legislativas, o que não conseguiram com invasões e vandalismo.

O Brasil assiste, mais uma vez, à tentativa de se normalizar o anormal. Mas desta vez, com o STF vigilante e a sociedade mais atenta, o roteiro pode ter um desfecho diferente. Afinal, como já se diz nos corredores do Judiciário, “Não haverá anistia para quem tentou calar a democracia”.

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