Lula joga xadrez e cria Orçamento Secreto 2.0 que deixa adversários sem palavras

O tal “Orçamento Secreto 2.0” que virou manchete nos corredores de Brasília não é apenas um artifício contábil, é, nas mãos do Planalto, um instrumento de governabilidade e entrega que busca costurar maioria sem paralisar os serviços que o país precisa. Em semanas recentes, o governo acelerou liberação de emendas e transferências que, embora menos transparentes na forma, reagiram a um dilema claro do Executivo, o de como garantir a execução imediata de ações em saúde, educação e infraestrutura sem sucumbir ao jogo de bloqueios e chantagens do Congresso.

A alternativa técnica adotada foram rubricas que não expõem o nome do autor da indicação e passam por comissões ou blocos, foram rotuladas por muitos como “sigilosa” e alvo de críticas judiciais e midiáticas. Mas, por trás do calor retórico, há um cálculo pragmático, evitar o engessamento orçamentário e destravar recursos que, na ponta, chegam a hospitais, municípios e programas sociais. A estratégia permitiu, por exemplo, uma liberação volumosa de recursos em semanas decisivas, movimento que o governo descreve como necessário para honrar compromissos com prefeitos e governadores e evitar rupturas em políticas públicas essenciais.

Especialistas que acompanham o tema apontam um paradoxo democrático, exigir transparência total e, ao mesmo tempo, bloquear a aprovação do Orçamento cria vazios que somente mecanismos como esse conseguem preencher, ainda que de forma imperfeita. O desafio agora é transformar essa prática de emergência em regras mais claras, com controle social e monitoramento efetivo, sem perder a agilidade que salva serviços e vidas.

Críticos denunciaram risco de apadrinhamento e falta de rastreabilidade, argumentos legítimos que pressionam por melhorias no processo. Ainda assim, a visão do Palácio é política e a republicana de usar instrumentos existentes para assegurar que programas estruturais não parem enquanto se negocia, no Congresso, a retomada de prazos e mecanismos regulares de transparência. Para o PT, a prioridade tem sido que o dinheiro chegue e que o debate sobre regras ocorra em paralelo, não em detrimento das entregas.

Se há um problema, ele é resolúvel, aperfeiçoar plataformas públicas de prestação de contas, definir planos de trabalho vinculados às liberações e manter canais independentes de fiscalização. Enquanto isso não se consolida, o desgaste midiático alimentado por rótulos dramáticos ofusca a questão central, recursos em movimento beneficiando políticas essenciais. E, no tabuleiro político, essa capacidade de fazer o país andar pode ser a melhor defesa do governo Lula e de sua coalizão nas batalhas que vêm pela frente.

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