União Brasil e PP pulam do barco e deixam Lula com a caneta na mão

Brasília amanheceu durante a semana com um terremoto político que sacudiu a Esplanada dos Ministérios. União Brasil e Progressistas (PP) anunciaram oficialmente o rompimento com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, encerrando meses de tensão nos bastidores. A decisão, embora ruidosa, não surpreendeu quem acompanha de perto o xadrez político, desde o início do ano, líderes dessas legendas vinham ensaiando movimentos de afastamento, pressionados por disputas regionais e pelo avanço de investigações que atingem figuras-chave de seus quadros.

O impacto imediato é a desocupação de espaços estratégicos no governo federal. O União Brasil, por exemplo, controla o Ministério do Turismo e a pasta das Comunicações, além de diretorias robustas em estatais e órgãos de infraestrutura, fruto de indicações de seus deputados e senadores. Já o PP tem sob seu guarda-chuva o Ministério da Pesca e Aquicultura, além de cargos de segundo e terceiro escalão em áreas como Agricultura e Desenvolvimento Regional. Com o rompimento, todos os apadrinhados políticos dessas siglas terão de entregar os cargos, abrindo espaço para que Lula reorganize a base e fortaleça aliados mais fiéis ao projeto de governo.

No Planalto, a leitura é de que a saída dos dois partidos, embora barulhenta, pode representar mais liberdade para o presidente conduzir sua agenda sem as amarras de acordos que, muitas vezes, travavam pautas estratégicas. “É hora de governar com quem quer governar junto”, resumiu um interlocutor próximo a Lula.

Analistas apontam que o movimento pode redesenhar o mapa de forças no Congresso. Sem União Brasil e PP, o governo perde votos em algumas comissões, mas ganha coesão interna e a possibilidade de negociar diretamente com bancadas temáticas e partidos médios, menos propensos a chantagens políticas.

Enquanto opositores tentam vender a narrativa de enfraquecimento, o Planalto aposta no efeito contrário, usar a crise como vitrine de firmeza e coerência. Afinal, como já disse o próprio Lula em outras ocasiões, “quem quiser ajudar o Brasil, que venha, quem não quiser, que saia da frente”.

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