A Procuradoria-Geral da República não economizou nas acusações, organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. O núcleo duro da conspiração, apelidado nos bastidores como “os homens do porão”, inclui figuras como Mauro Cid, o ajudante de ordens que virou delator, e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, que teria facilitado a invasão da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
O julgamento, presidido pelo ministro Cristiano Zanin e
relatado por Alexandre de Moraes, promete ser um divisor de águas. A pena
máxima pode ultrapassar 40 anos de prisão para alguns dos envolvidos. A defesa,
por sua vez, tenta desqualificar delações, alegar cerceamento e até questionar
a competência do STF, estratégias que, até agora, não sensibilizaram os
ministros.
Enquanto isso, do lado de fora do tribunal, o clima é de
tensão. A sociedade civil acompanha com olhos arregalados, e até o governo dos
Estados Unidos entrou na dança, sancionando ministros do STF em uma manobra
diplomática que levanta suspeitas de interferência externa articulada por
Eduardo Bolsonaro.
O Brasil, que já viu de tudo, agora observa se a Justiça
será capaz de encerrar o ciclo de impunidade que há décadas protege os
poderosos. Se condenados, os réus não apenas enfrentarão a prisão, mas também o
peso simbólico de terem tentado rasgar a Constituição diante de uma nação
inteira.
A democracia, ferida mas não morta, aguarda seu veredicto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário