Quem já pisou na ilha sabe bem, lá as carroças são parte da
rotina, usadas para transportar bagagens e mercadorias pelas ladeiras e ruas
estreitas. Não há nada de ofensivo em comparar com um Uber ou um táxi, é apenas
uma forma de traduzir para quem não conhece o lugar. Mas bastou a frase cair na
internet para que se transformasse em “polêmica”, como se fosse um ataque à
cultura baiana. O exagero virou espetáculo, e o que era brincadeira virou
manchete.
Imagine a cena com o sol queimando a pele, turistas rindo
nas barracas de praia, vendedores oferecendo cocadas e caipirinhas, e no meio
disso uma carroça puxada calmamente por um morador da ilha. Vitória fez o
comentário com leveza, como quem se diverte com o inusitado do momento. Só que,
na selva das redes, qualquer sorriso pode virar crime. O linchamento virtual
não perdoa, e a moça foi arrastada para o tribunal da opinião pública sem
direito a defesa.
Talvez fosse hora de o povo se ocupar de coisas mais
significativas, como cuidar do planeta, da política ou simplesmente aproveitar
a vida sem transformar tudo em drama. Morro de São Paulo continua lindo, com
suas praias de águas mornas e noites iluminadas por lua cheia. Enquanto isso,
na internet, seguem caçando cliques como quem não caça uma lavagem de roupa,
sem perceber que a vida real é muito mais leve do que o peso das redes.

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