A proximidade com Lima, revelada pelo simples gesto de
aceitar o transporte, não pode ser tratada como detalhe irrelevante. Em
política, símbolos importam, e o voo até Conceição do Coité para participar do
evento Natal Luz transformou-se em um retrato de descuido e imprudência. Neto e
Bruno Reis, prefeito de Salvador, apareceram sorridentes em fotos divulgadas
nas redes sociais, sem imaginar que a aeronave seria manchete dias depois como
peça-chave de um escândalo financeiro. O silêncio de Neto após a prisão dos
executivos reforçou a percepção de que prefere se esconder em vez de enfrentar
as consequências de suas escolhas.
O erro estratégico é evidente, ao se deixar fotografar em um
helicóptero ligado a um banqueiro investigado, ACM Neto ofereceu munição para
adversários e críticos. A narrativa de proximidade com empresários suspeitos de
fraude mina qualquer discurso de renovação ou ética que o União Brasil tente
sustentar. Em tempos de desconfiança generalizada, a imagem de um político que
se beneficia de favores de investigados é devastadora. O episódio não apenas
desgasta sua reputação, mas também abre espaço para que rivais explorem a
contradição entre discurso público e prática privada.
Se em 2026 ACM Neto pretende disputar novamente o governo da Bahia, terá que carregar o peso desse voo maldito. O helicóptero que o levou a um evento festivo pode se transformar em símbolo de irresponsabilidade política, lembrando aos eleitores que alianças perigosas custam caro. A cada nova revelação sobre o caso Master, cresce a percepção de que Neto errou ao se aproximar de quem estava prestes a ser algemado. E na política, erros assim não desaparecem, eles se acumulam e voltam com força na hora da urna.

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