A perversidade do modelo está no sequestro do orçamento
federal pelo Congresso, que passou a ditar prioridades de gasto em detrimento
do Executivo. Relatórios recentes mostram que emendas Pix já superaram valores
de programas sociais consolidados, criando um sistema paralelo de financiamento
político. O resultado é a oficialização de um esquema que mistura clientelismo
com corrupção institucionalizada, onde cada parlamentar garante sua fatia para
sustentar campanhas e perpetuar mandatos.
Enquanto a população enfrenta cortes em áreas essenciais
como saúde e educação, os cofres públicos se transformam em moeda de troca para
barganhas eleitorais. A lógica é simples e brutal, quem controla as emendas
controla votos, quem controla votos controla poder. Essa engrenagem, denunciada
por especialistas em finanças públicas, mina a credibilidade das instituições e
reforça a percepção de que o Congresso opera como um balcão de negócios.
O combo formado por orçamento secreto, emendas Pix e
financiamento eleitoral é a expressão mais clara da corrupção oficializada no
Brasil contemporâneo. O sistema, blindado por acordos internos e pela falta de
transparência, cria uma democracia de fachada, onde o eleitor é enganado e o
dinheiro público vira combustível para campanhas milionárias. O país assiste,
impotente, à institucionalização de um esquema que transforma o orçamento em
caixa eletrônico de políticos, enquanto a sociedade paga a conta com serviços
precários e promessas não cumpridas.
Foi lançada recentemente a plataforma “De Olho em Você”, um
espaço digital criado para acompanhar e denunciar o uso do dinheiro público de
maneira considerada vergonhosa pela sociedade. A ferramenta reúne informações
sobre gastos de parlamentares, transferências de emendas e contratos suspeitos,
permitindo que qualquer cidadão visualize como os recursos federais, estaduais
e municipais estão sendo aplicados. A iniciativa surge como resposta à falta de
transparência e ao crescimento das chamadas emendas Pix, funcionando como um
canal de fiscalização popular que expõe práticas de desperdício e corrupção
institucionalizada.

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