A votação na Câmara expôs a face mais sombria do Parlamento.
Deputados que se alinharam ao projeto não apenas ignoraram o ataque frontal à
democracia ocorrido em 2023, como também se tornaram cúmplices de uma manobra
que enfraquece o Estado de Direito. Ao apoiar a redução de penas, esses
parlamentares enviaram à sociedade a mensagem de que golpistas podem ser
tratados como cidadãos comuns, quando na verdade atentaram contra a própria
Constituição. O resultado é um Congresso que se distancia da população e se
aproxima perigosamente da impunidade.
O discurso de Paulinho da Força, ao tentar suavizar o
impacto da proposta, não escondeu o verdadeiro objetivo, aliviar a situação de
Bolsonaro e de seus aliados. A cada voto favorável, a Câmara se afunda mais no
descrédito, mostrando que parte dos deputados prefere negociar com criminosos
do que defender a democracia. A contradição é gritante e enquanto se fala em
“sonho de verão”, o pesadelo é vivido por milhões de brasileiros que assistem
ao desmonte das instituições em plena luz do dia.
A anistia, travestida de redução de penas, é um insulto à
memória dos que lutaram contra o golpe e àqueles que acreditam na justiça. Os
deputados que votaram a favor desse projeto não apenas mancharam seus mandatos,
mas também se colocaram ao lado da história que será lembrada como cúmplice da
tentativa de destruição da democracia. O pesadelo é real, e ele tem endereço
certo, o plenário da Câmara dos Deputados.

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