Glauber Braga senta na cadeira do chefão e Hugo Motta manda arrancar na marra

O plenário da Câmara dos Deputados virou palco de um espetáculo grotesco na noite de 9 de dezembro. Glauber Braga (PSOL-RJ), em protesto contra o processo de cassação de seu mandato, ocupou a cadeira da presidência da Casa. A resposta veio com truculência, Hugo Motta, presidente da Câmara, acionou a Polícia Legislativa para retirar o parlamentar à força, num ato que escancara a perseguição institucional contra vozes dissidentes. O sinal da TV Câmara foi cortado e jornalistas foram expulsos do recinto, num gesto que lembra regimes autoritários.

A ironia é que, em agosto, deputados da extrema-direita ocuparam a mesma mesa diretora por dois dias consecutivos e não sofreram qualquer tipo de repressão. Hugo Motta, que naquele momento se calou diante da afronta, agora mostra que sua mão de ferro só se aplica quando o alvo é da esquerda. Glauber, que já havia feito greve de fome contra a cassação, denunciou o tratamento desigual e acusou a presidência da Casa de tentar silenciá-lo por meio da força bruta e da censura institucional.

Durante a confusão, uma produtora da TV Record foi agredida pelos seguranças da Câmara, o que adiciona mais um elemento de violência à cena. A ação de Motta não apenas revela parcialidade, mas também expõe o uso da estrutura legislativa como ferramenta de intimidação política. Glauber foi arrancado da cadeira como se fosse um invasor, quando na verdade estava exercendo seu direito de protesto contra um processo que muitos consideram arbitrário.

A democracia brasileira, já fragilizada pelos recentes episódios de anistia a golpistas, agora assiste à criminalização da oposição dentro do próprio Parlamento. Hugo Motta, ao autorizar o uso de força contra um deputado eleito, ultrapassa os limites da legalidade e da ética institucional. Glauber Braga não foi apenas retirado do cargo simbólico que ocupava por minutos, foi arrancado da narrativa democrática que o Congresso deveria proteger.

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