Silêncio explosivo com a política expulsa dos grupos de WhatsApp

Um estudo divulgado em 15 de dezembro revelou que os brasileiros estão cada vez menos dispostos a falar de política nos grupos de WhatsApp. A pesquisa, realizada pelo InternetLab em parceria com a Rede Conhecimento Social, mostra que o compartilhamento de notícias e opiniões sobre governo e partidos caiu de forma significativa nos últimos anos. O aplicativo continua sendo parte central da rotina, mas os espaços de família, amigos e trabalho se tornaram ambientes onde o tema é evitado.

Os números são claros, apenas 6% dos usuários afirmam participar de grupos dedicados exclusivamente à política, percentual menor do que o registrado em 2020. Já nos grupos de família, a presença de mensagens políticas caiu de 34% para 27%, enquanto entre amigos a queda foi de 38% para 24%. Nos grupos de trabalho, o índice despencou de 16% para 11%. A tendência indica que o receio de se posicionar está crescendo, e mais da metade dos entrevistados declarou sentir medo de emitir opinião nesses espaços.

Segundo os pesquisadores, o ambiente digital se tornou “muito agressivo” para debates políticos, o que leva muitos usuários a preferirem o silêncio. A percepção de hostilidade e a possibilidade de conflitos pessoais têm afastado o tema das conversas cotidianas. O WhatsApp, que já foi visto como ferramenta de mobilização política, agora aparece como espaço de retração, onde a política perde terreno para assuntos mais leves e consensuais.

Esse movimento reflete mudanças no comportamento social e na forma como os brasileiros consomem informação. Com a redução das conversas políticas nos grupos, cresce a busca por fontes alternativas, como canais independentes e redes sociais abertas, onde o debate ainda acontece, mas em ambientes menos íntimos. A pesquisa sugere que essa migração pode alterar a dinâmica da comunicação política no país, reduzindo a influência dos grupos privados na formação de opinião.

O estudo reforça que o WhatsApp segue sendo usado por 54% dos brasileiros em grupos de família e 53% em grupos de amigos, mas o espaço para política está cada vez menor. A constatação abre um debate sobre o impacto dessa mudança na democracia, já que a troca de ideias em ambientes cotidianos é parte essencial da vida pública. O silêncio, neste caso, não é apenas ausência de palavras, é um sinal de que a política enfrenta resistência até nas conversas mais próximas.

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