JOSÉ DIRCEU NÃO PRECISA DE INOCÊNCIA, JOSÉ DIRCEU PRECISA DE JUSTIÇA! (Por Fernando Neto)

"Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar."

Canção de Tamoio, Gonçalves Dias.

Se você não conhece "Canção do Tamoio", poema de Gonçalves Dias, sugiro descobri-lo, ninguém o representa melhor do que José Dirceu. Um homem "preso" desde 1968 - lutando contra os abusos de uma ditadura militar, para libertar, mesmo aqueles que, hoje, o julgam, mesmo os que o condenam. Grande parte da sociedade brasileira e mundial não conhecem seus dominadores, seus obsessores, seus julgadores, mas, José Dirceu os reconhece.  Como outros poucos personagens da história, Dirceu compreendeu o quão profundo, e dura, é a dinâmica da luta de classes, e isso lhe dá autoridade e propriedade para enfrentar qualquer julgamento:  “-Só luta por uma causa quem tem valor. Os que brigam por interesse têm preço. Não que não me custe dor, sofrimento, medo e às vezes pânico, porém, prefiro morrer que rastejar e perder a dignidade”, afirma Zé. Compreendam o significado de "Lutar" em seu sentido mais profundo, para além de armas, conflitos, lutar é, acima de tudo, conquistar Direitos e construir um país. É preciso entender que não haverá liberdade enquanto houver um sequer oprimido, não haverá liberdade enquanto o Estado Democrático de Direito não for uma instituição pétrea, irrevogável, inalterável, com respeito a vontade popular e a soberania nacional. Não existe país soberano que retira do mais fraco para manter os regalos dos mais ricos, ou pior, liquide suas riquezas naturais; dissolvendo seu patrimônio para o mercado especulativo internacional, destruindo sua defesa nacional, seu parque industrial, entregando sua floresta a exploração indiscriminada, seu material de conteúdo nacional (minério, petróleo, água, energia, etc), no fim, não existirá mais um país, por isso, sempre que tem a oportunidade Zé Dirceu denuncia o desmonte do Estado, a quebra do pacto social, a destruição da carta constituinte.

Tenham certeza, José Dirceu luta pela própria defesa como se lutasse pelo direito de cada brasileiro defender-se de forma digna, justa e equânime, exatamente o contrário do que vem acontecendo nos últimos tempos. Quando a justiça se adequa ao caso para julgar e incriminar interesses políticos, de poder e por vaidade, mostra claramente a fragilidade de nossas instituições, a pequenez de quem exerce função pública em nosso país e o risco diário que corremos, de sermos julgados por nossa condição social, financeira, de gênero, ideológica, de credo e de identidade. Não há moralidade na exceção, tudo é legal de acordo com o julgador.  Este é o exemplo e o recado que o Ministério Público Federal, o TRF4 e o Juízo Criminal de Curitiba vêm nos dando. É preciso cerrar fileiras com os perseguidos. Chegou a hora de fazer valer a solidariedade, de unir-se a luta de quem, desde a ação penal 470, enfrenta a mentira, o ódio, a narrativa da grande mídia, o interesse escuso, e nunca revelado, da política e do mercado.

José Genoíno, Delúbio Soares, Zé Dirceu e João Paulo Cunha assumiram pra si o confronto direto contra a mentira, a ação de quem tem como alvo destruir os interesses da classe trabalhadora, queimando seus direitos, atingindo o maior partido de esquerda da América Latina,  e, consequentemente, desmontando a imagem de Luiz Inácio Lula da Silva.

São estes os alvos prediletos do mercado, que pretendem excluí-los da política para não atrapalharem as reformas criminosas propostas por quem golpeou a presidência da república, apeiam a classe trabalhadora e os mais pobres deste país em nome de seus interesses.

João Vaccari Neto e José Dirceu de Oliveira e Silva personificam a continuidade deste processo político, alcunhado pelo poder judiciário, instrumentalizado pela grande imprensa e forjado pelo que existe de mais reacionário no campo de direita da política nacional. José Dirceu e todos os outros companheiros não são o fim deste processo, são meio para atingir um objetivo já anunciado:"exterminar uma raça" que não cansa de resistir. É preciso ter unidade na ação e na luta para revertermos um cenário de destruição social. Garantir o direito de ampla defesa, o processo legal, a Constituição Federal representa hoje a defesa da sociedade, do povo brasileiro e de toda classe trabalhadora, porém, ainda é pouco. Ao campo de esquerda nacional é necessário resiliência, capacidade de analise e ações estratégicas que suportem e fortaleçam a resposta nas ruas e nas urnas (se houver).

Quem nos acusam e nos julgam buscam na simbologia e nos signos de seus atos respaldo popular e assim disputam a narrativa do julgador, anunciando antecipadamente sua sentença pela grande imprensa ou até mesmo por filme, inédito no mundo, retratando em tempo real um julgamento em andamento antecipando principalmente seu resultado final. Defender nossos companheiros é defender a si próprio e a seu igual, é lutar pelo direito de liberdade e por seu direito de defesa.

Marchem de cabeça erguida e os punhos serrados!!! José Dirceu traz na pele as cicatrizes das durezas  da vida, José Dirceu não precisa de inocência, José Dirceu precisa de justiça, justiça ao povo brasileiro!

Por Fernando Neto - Militante da esquerda e do Partido dos Trabalhadores.

Um comentário:

Vera Lúcia Santana Araújo disse...

Excelente exposição sobre a fibra de José Dirceu! !!