O bom humor dos personagens Mainha e Junior, do grupo
‘Frases de Mainha', deu ao público da Concha Acústica do Teatro Castro Alves,
em Salvador, as boas-vindas ao projeto Concha Negra, que estreou no fim da
tarde deste domingo (17). Depois dos humoristas e ao som da percussão e de um
sonoro ‘Ajayô’, subiu ao palco o Afoxé Filhos de Gandhy, abrindo a programação
musical e trazendo como convidado o cantor Carlinhos Brown. Muitos sucessos do
Ghandy e do artista fizeram a festa da consagração da cultura afro e dos blocos
de matrizes africanas, reafirmando a história de resistência desses grupos fora
da época de Carnaval.
Iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria de
Cultura do Estado (Secult), e em parceria com a Secretaria de Promoção da
Igualdade Racial (Sepromi), a ideia do projeto é dar visibilidade a esses
blocos, que são patrimônio cultural da Bahia e parte da identidade do povo
baiano. Para isso, os grupos são remunerados pelo estado e também recolhem a
bilheteria de cada um dos eventos.
Segundo a diretora do Centro de Culturas Populares e
Identitária, Arany Santana, essa é uma forma de valorizar as manifestações
artísticas afro-baianas. "Hoje é um dia de festa para a comunidade negra
de Salvador por causa desse projeto, que inclui as entidades negras e blocos
afro tão responsáveis pela revolução rítmico musical desde os anos 80 até hoje,
com a oportunidade de pisar nesse palco histórico que é a Concha”.
Teve gente que chegou cedo para ficar sentado na primeira
fala, como a publicitária e turista mineira Cleide Verônica que, em visita à
Bahia, aproveitou para curtir o Ghandy no palco. "Eu acho maravilhoso
porque isso é o símbolo do negro voltando a ocupar o seu lugar, seu lugar de
destaque, e isso é reconhecimento. É muito importante e me sinto orgulhosa e
feliz de estar fazendo parte disso”.
Os baianos também aprovaram a ideia, como o auxiliar
administrativo Miguel dos Santos. “Eu sou associado há 29 anos e, como eu
acompanho o trabalho do Ghandy há quase três décadas, me faltam até palavras. É
indescritível, ainda mais por ser o mês do meu aniversário, Eu me senti
presenteado. São espaços como esses que foram negados aos negros há muito tempo
e agora estamos ocupando, conquistando nosso espaço”.
Embalando a plateia com seu ritmo peculiar e cadenciado, ao
som da percussão misturado ao som dos instrumentos de sopro e das cordas, a
banda chamou o convidado Carlinhos Brown para se juntar ao grupo e agitar ainda
mais o público. Para o cantor, o Concha Negra aviva a música da Bahia, que vai
muito além do Carnaval. "Esses são grupos que têm uma performance
internacional e que nós, baianos, precisamos conhecer essa demonstração
necessária de que precisamos nos encontrar para discutir, juntos e dançando, a
valorização da música baiana”.
Concha Negra
O Afoxé Filhos de Ghandy é o primeiro de uma série de
apresentações do Concha Negra, que segue até fevereiro de 2018 com uma
apresentação por mês, sempre às 18h de domingo e com ingressos a R$ 30
(inteira) e R$ 15 (meia). Os próximos a comandarem o palco da Concha serão
Muzenza (8/10), Ilê Aiyê (19/11), Cortejo Afro (17/12), Olodum (7/1/2018) e
Malê Debalê (4/2/2018).
Foto: Paula Fróes/GOVBA.
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