STF adia decisão sobre prisão de Aécio. (Por Ricardo Kotscho)


Rodrigo Janot já deixou a Procuradoria-Geral da República e Raquel Dodge foi empossada pelo presidente Michel Temer na manhã desta segunda-feira, mas o STF ainda não julgou os três pedidos de prisão feitos contra o senador Aécio Neves, presidente licenciado do PSDB.

Nem vai julgar esta semana, como estava previsto na pauta. A pedido da defesa de Aécio, a decisão foi adiada desta terça-feira para a próxima, dia 26 de setembro.

Detalhe mais curioso deste adiamento foi o motivo alegado: um dos advogados do senador, Alberto Zacharias Toron, viajou para Portugal e não poderia estar presente à sessão do STF.

O ministro Marco Aurélio Mello, relator do caso em que Aécio é acusado de receber R$ 2 milhões em propinas da JBS, aceitou a justificava de Toron: a viagem ao exterior já estava marcada "há tempos".

Quem não se conforma com esta situação é um dos carregadores das malas de propinas, o ex-assessor parlamentar Mendherson Souza Lima, que está em prisão domiciliar com uso de tornozeleira.

O réu reclamou ao Supremo que não é justo ser submetido ao monitoramento eletrônico enquanto Aécio Neves continua solto exercendo normalmente seu mandato no Senado.

Preso no dia 18 de maio ao ser filmado quando recebia a propina da JBS, Mendherson, que era assessor de Zezé Perrela, outro senador mineiro, alegou que está fazendo tratamento dentário e não pode fazer exames na boca com o uso da tornozeleira eletrônica.

Em seu despacho, o ministro relator registra o argumento da defesa que "afirma ser injusta a manutenção da obrigatoriedade do uso de tornozeleira eletrônica, em comparação com a situação do citado investigado (Aécio Neves da Cunha)."

Mesmo assim, Marco Aurélio decidiu que Mendherson, por não ter foro privilegiado, deve enviar sua reclamação à primeira instância.

Outro carregador de malas de Aécio, seu primo Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred, flagrado pela Polícia Federal colocando maços de dinheiro no bolso dentro do prédio da JBS, também foi preso na Operação Patmos.

Na conversa com Aécio gravada por Joesley Batista, os dois acertaram "o encaminhamento de R$ 2 milhões, divididos em quatro parcelas de R$ 500 mil".

Aécio avisou que mandaria Fred, que já tinha atuado como tesoureiro em campanhas eleitorais do tucano, enquanto Joesley encarregou o executivo Ricardo Saud, também preso, de fazer o pagamento. Tudo gravado em áudio e filmado.

Como se pode ver neste processo emblemático, ao contrário do que costumam dizer, a lei ainda não é igual para todos, mesmo quando existem provas.

Resta agora esperar para ver o que a nova procuradora-geral, Raquel Dodge, fará com os processos em aberto deixados por Rodrigo Janot.

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