Ao contrário do que dizem seus defensores, a ditadura
brasileira foi muito corrupta. E mais do que isso: ao barrar construtoras
estrangeiras das obras do "milagre econômico", militares celebraram o
casamento entre o Estado e as grandes empreiteiras.
Denúncias contra empreiteiras pipocaram nos anos 1950,
principalmente com os planos de JK de fazer o Brasil crescer 50 anos em 5.
Depois, voltaram com a redemocratização. Já na ditadura, o silêncio. Sinal de
limpeza? Não para o historiador Pedro Henrique Pedreira Campos, autor de
Estranhas Catedrais. “Isso evidencia obviamente não o menor número de casos,
mas o amordaçamento dos mecanismos de fiscalização e divulgação.”
Em 1969, o presidente Costa e Silva barrou empresas
estrangeiras de participar das obras públicas no País. Com essa reserva de
mercado e as obras faraônicas da ditadura – como Transamazônica, Itaipu,
Tucuruí, Angra, Ferrovia do Aço e Ponte Rio-Niterói -, as construtoras se
tornaram grandes grupos monopolistas ligados intimamente com o Estado e com
poucos mecanismos de controle.
Até a década de 1960, as obras da Odebrecht mal ultrapassavam
os limites da Bahia. Com o protecionismo de Costa e Silva, começou a dar
saltos. Primeiro, construiu o prédio-sede da Petrobras, no Rio. Os contatos
governamentais na estatal abriram portas para novos projetos, como o aeroporto
do Galeão e a usina nuclear de Angra. Assim, de 19ª empreiteira de maior
faturamento, em 1971, pulou para a 3ª em 1973, e nunca mais deixou o top 10.
Outra beneficiada foi a Andrade Gutierrez, que saltou do 11º para o 4º lugar de
1971 para 1972.
Foi assim que, ao fim da ditadura, dez irmãs detinham 68,7%
do faturamento das cem maiores empreiteiras – para Campos, não necessariamente
por sua excelência técnica e administrativa, mas por suas conexões políticas.
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