"Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar."
Canção de Tamoio, Gonçalves Dias.
Se você não conhece "Canção do Tamoio", poema de
Gonçalves Dias, sugiro descobri-lo, ninguém o representa melhor do que José
Dirceu. Um homem "preso" desde 1968 - lutando contra os abusos de uma
ditadura militar, para libertar, mesmo aqueles que, hoje, o julgam, mesmo os que
o condenam. Grande parte da sociedade brasileira e mundial não conhecem seus
dominadores, seus obsessores, seus julgadores, mas, José Dirceu os
reconhece. Como outros poucos
personagens da história, Dirceu compreendeu o quão profundo, e dura, é a
dinâmica da luta de classes, e isso lhe dá autoridade e propriedade para
enfrentar qualquer julgamento: “-Só luta
por uma causa quem tem valor. Os que brigam por interesse têm preço. Não que
não me custe dor, sofrimento, medo e às vezes pânico, porém, prefiro morrer que
rastejar e perder a dignidade”, afirma Zé. Compreendam o significado de
"Lutar" em seu sentido mais profundo, para além de armas, conflitos,
lutar é, acima de tudo, conquistar Direitos e construir um país. É preciso
entender que não haverá liberdade enquanto houver um sequer oprimido, não haverá
liberdade enquanto o Estado Democrático de Direito não for uma instituição
pétrea, irrevogável, inalterável, com respeito a vontade popular e a soberania
nacional. Não existe país soberano que retira do mais fraco para manter os
regalos dos mais ricos, ou pior, liquide suas riquezas naturais; dissolvendo
seu patrimônio para o mercado especulativo internacional, destruindo sua defesa
nacional, seu parque industrial, entregando sua floresta a exploração
indiscriminada, seu material de conteúdo nacional (minério, petróleo, água,
energia, etc), no fim, não existirá mais um país, por isso, sempre que tem a oportunidade
Zé Dirceu denuncia o desmonte do Estado, a quebra do pacto social, a destruição
da carta constituinte.
Tenham certeza, José Dirceu luta pela própria defesa como se
lutasse pelo direito de cada brasileiro defender-se de forma digna, justa e equânime,
exatamente o contrário do que vem acontecendo nos últimos tempos. Quando a
justiça se adequa ao caso para julgar e incriminar interesses políticos, de
poder e por vaidade, mostra claramente a fragilidade de nossas instituições, a
pequenez de quem exerce função pública em nosso país e o risco diário que
corremos, de sermos julgados por nossa condição social, financeira, de gênero,
ideológica, de credo e de identidade. Não há moralidade na exceção, tudo é
legal de acordo com o julgador. Este é o
exemplo e o recado que o Ministério Público Federal, o TRF4 e o Juízo Criminal
de Curitiba vêm nos dando. É preciso cerrar fileiras com os perseguidos. Chegou
a hora de fazer valer a solidariedade, de unir-se a luta de quem, desde a ação
penal 470, enfrenta a mentira, o ódio, a narrativa da grande mídia, o interesse
escuso, e nunca revelado, da política e do mercado.
José Genoíno, Delúbio Soares, Zé Dirceu e João Paulo Cunha
assumiram pra si o confronto direto contra a mentira, a ação de quem tem como alvo
destruir os interesses da classe trabalhadora, queimando seus direitos,
atingindo o maior partido de esquerda da América Latina, e, consequentemente, desmontando a imagem de
Luiz Inácio Lula da Silva.
São estes os alvos prediletos do mercado, que pretendem
excluí-los da política para não atrapalharem as reformas criminosas propostas
por quem golpeou a presidência da república, apeiam a classe trabalhadora e os
mais pobres deste país em nome de seus interesses.
João Vaccari Neto e José Dirceu de Oliveira e Silva
personificam a continuidade deste processo político, alcunhado pelo poder
judiciário, instrumentalizado pela grande imprensa e forjado pelo que existe de
mais reacionário no campo de direita da política nacional. José Dirceu e todos
os outros companheiros não são o fim deste processo, são meio para atingir um
objetivo já anunciado:"exterminar uma raça" que não cansa de
resistir. É preciso ter unidade na ação e na luta para revertermos um cenário
de destruição social. Garantir o direito de ampla defesa, o processo legal, a
Constituição Federal representa hoje a defesa da sociedade, do povo brasileiro
e de toda classe trabalhadora, porém, ainda é pouco. Ao campo de esquerda
nacional é necessário resiliência, capacidade de analise e ações estratégicas
que suportem e fortaleçam a resposta nas ruas e nas urnas (se houver).
Quem nos acusam e nos julgam buscam na simbologia e nos
signos de seus atos respaldo popular e assim disputam a narrativa do julgador, anunciando
antecipadamente sua sentença pela grande imprensa ou até mesmo por filme,
inédito no mundo, retratando em tempo real um julgamento em andamento
antecipando principalmente seu resultado final. Defender nossos companheiros é
defender a si próprio e a seu igual, é lutar pelo direito de liberdade e por
seu direito de defesa.
Marchem de cabeça erguida e os punhos serrados!!! José Dirceu
traz na pele as cicatrizes das durezas
da vida, José Dirceu não precisa de inocência, José Dirceu precisa de
justiça, justiça ao povo brasileiro!
Por Fernando Neto - Militante da esquerda e do Partido dos
Trabalhadores.
Um comentário:
Excelente exposição sobre a fibra de José Dirceu! !!
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