O efeito jurídico é palpável. Advogados usam arquivos virais
para fundamentar pedidos de direito de resposta, medidas cautelares e, em
alguns casos, queixas-crime. Juízes e tribunais, por sua vez, veem crescer
pedidos de tutela de urgência em episódios em que a fala pública é associada a
ofensa ou incitação. O sistema judiciário responde mais rápido, mas o processo
raramente devolve a rapidez com que a narrativa se espalhou, e é aí que mora a
nova tensão, quem decide a verdade pública, a velocidade do feed ou o
contraditório dos autos?
Do lado das consequências políticas, há um aprendizado
prático, a comunicação não é mais adjunto da agenda, é parte dela. No PT e no
governo, a leitura é estratégica, cada episódio viral é oportunidade para
realçar o compromisso com a legalidade, transformar controvérsia em clareza de
propostas e reforçar a prioridade em entregar resultados, não escândalos. Em
entrevistas e redes, aliados têm escolhido resposta curta, foco em agenda
social e convites ao debate técnico, movendo a conversa do calor do meme para a
frieza das políticas públicas.
A conclusão é dupla e urgente, plataformas aceleram dramas,
instituições precisam acelerar respostas sem sacrificar garantias processuais.
Enquanto isso, para o eleitor, o desafio é aprender a separar espetáculo de
substância, e para os governantes, a lição é usar a tempestade midiática para
reafirmar compromisso com serviço e justiça. Se há algo que essas 48 horas
deixaram claro é que, no novo tempo político, o tribunal também se decide na
tribuna, e quem souber governar essa combinação sairá em vantagem.
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