Ex-aliados pulam do barco e candidatura a governador vira novela de abandono

O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), já percebeu que sua nova tentativa de chegar ao governo da Bahia em 2026 não empolga como em campanhas anteriores. O clima de desânimo é perceptível até entre antigos aliados, que começam a desembarcar discretamente do projeto político.

Um dos movimentos mais simbólicos foi o do ex-prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, que deixou o MDB e assumiu o comando estadual da Democracia Cristã (DC). Embora tenha sinalizado apoio a Neto em um primeiro momento, Colbert passou a adotar um discurso mais independente, abrindo espaço para negociações com outros grupos políticos e deixando claro que não pretende se amarrar exclusivamente ao projeto do União Brasil. A mudança foi registrada oficialmente pelo Tribunal Superior Eleitoral em outubro de 2025, marcando um afastamento de um dos nomes mais estratégicos do interior baiano.

Outro sinal de desgaste veio de lideranças regionais que, em 2022, estiveram ao lado de Neto, mas agora se aproximam do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Prefeitos de cidades do semiárido e do extremo sul, antes alinhados ao ex-prefeito de Salvador, têm buscado interlocução direta com o Palácio de Ondina, atraídos pela força da máquina estadual e pela capacidade de investimento do governo petista. 

A situação expõe um dilema para ACM Neto, é que enquanto pesquisas ainda o colocam em posição competitiva, a falta de entusiasmo de aliados históricos e a dificuldade em agregar novos apoios fragilizam sua narrativa de renovação. O União Brasil tenta reorganizar o tabuleiro, mas a sensação é de que a candidatura perdeu o brilho e já não mobiliza como antes.

Nos bastidores, comenta-se que a estratégia de Neto de manter-se distante de polêmicas e apostar apenas em sua imagem de gestor eficiente não tem surtido efeito. O eleitorado baiano, acostumado a campanhas mais vibrantes e polarizadas, parece pouco seduzido por um discurso que soa repetitivo.

Enquanto isso, Jerônimo Rodrigues segue consolidando sua base com prefeitos e parlamentares, reforçando a imagem de que o governo estadual mantém o controle político do território. Para o PT, cada aliado que se afasta de Neto é mais um tijolo na construção de uma reeleição sólida.

O cenário de 2026 ainda está em aberto, mas a fotografia atual mostra um ACM Neto isolado, tentando segurar uma candidatura que já não desperta a mesma confiança nem entre seus próprios correligionários.

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