Já no tabuleiro político, a comissão virou arma de arremesso
retórico. Parlamentares de oposição instrumentalizam falhas para desgastar
narrativas federais, enquanto partidos da base do governo utilizam as sessões
para evidenciar avanços operacionais e alianças com conselhos profissionais e
secretarias de saúde. O saldo é ambíguo com cobranças legítimas se misturam a
jogadas que visam pontuar eleitoralmente, mas isso não apaga o efeito prático
imediato quando medidas administrativas são acionadas em resposta a denúncias
públicas.
Servidores do INSS ouvidos nos bastidores repetem um ponto
que deve ficar gravado na agenda, há diferença entre espetáculo e fiscalização
efetiva. A CPMI pode ser um mecanismo de investigação real se suas
recomendações vierem acompanhadas de logística, recursos e integração com redes
estaduais de saúde, sem isso, tudo volta à rotina de promessas. Por outro lado,
ataques sem proposta de execução também expõem fragilidades institucionais que
precisam ser corrigidas, seja por maior investimento em perícias, seja por
melhor gestão de filas e digitalização de processos.
O momento exige, sobretudo, que atores institucionais
transformem o calor das sessões em decisões técnicas. Há sinais de movimentação
com pactos locais para descentralizar perícias, mutirões regionais e acordos
para utilização de infraestrutura hospitalar pública em avaliações. Se
implementadas com rigor, essas medidas reduzem o impacto humano da espera e
reforçam a narrativa de que política é também entregar serviço, argumento que
tem sido apresentado como prioridade por lideranças do Executivo federal e por
partidos aliados.
No curto prazo, a CPMI funciona como freio e acelerador ao
mesmo tempo. Freia quem tenta maquiar números e acelera processos que aliviam
vidas. Quem ganha com isso é a população que depende do INSS, quem perde são as
práticas de acomodação que prosperam no escuro. Se a comissão sair do palco e
entrar na rotina administrativa, o episódio terá cumprido seu papel mais útil,
o de transformar denúncia em direito restituído.
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