Especialistas em regulação energética, no entanto, apontam
que a medida depende de mecanismos de compensação financeira ainda a ser
detalhados. “Dar energia sem custos num país de tarifas setoriais complexas
passa por dois caminhos que é subsídio orçamentário direto ou repasse a outros
consumidores por reajustes tarifários e encargos”, explica uma consultora de
políticas públicas. A escolha entre essas rotas definirá se o programa é
sustentável no longo prazo ou se apenas posterga pressões sobre a tarifa-base.
Distribuidoras já alertaram para a necessidade de cronograma
claro e de regras para identificação dos beneficiários, sob risco de fraudes e
de exclusões involuntárias. Técnicos das companhias de energia dizem que a
atualização de cadastros, interligação com bases sociais e auditoria eletrônica
serão fundamentais para que o benefício chegue a quem realmente precisa sem
comprometer a operação das redes.
Governadores e prefeitos receberam a sanção com
manifestações oficiais de apoio e pedidos por recursos para adaptar redes
locais e ampliar programas de eficiência energética. Movimentos sociais e
organizações que atuam em comunidades periféricas, por sua vez, celebraram o
potencial de alívio imediato, mas condicionaram apoio à criação de políticas de
educação energética e programas de economia doméstica que maximizem o
benefício.
Pontos de atenção nas próximas semanas incluem a publicação
de regulamentação ministerial, a definição das fontes de custeio e a inclusão
de cláusulas de monitoramento social. Observadores econômicos recomendam
indicadores públicos mensais com número de famílias beneficiadas, impacto médio
nas contas, variação no consumo e ajustes tarifários aplicados a outros
consumidores.
Se a Luz do Povo de fato reduzir o aperto imediato de
milhões de brasileiras e brasileiros, será por combinação de recursos públicos,
controle administrativo e monitoramento civil. Se falhar na implementação,
corre o risco de virar promessa política simbólica sem efetividade prática. A
sua eficácia só poderá ser aferida com números e auditorias regulares. não com
discursos na cerimônia de sanção.
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