No lançamento da Carteira Nacional Docente, evento que
reuniu professores no Rio de Janeiro, o presidente da Câmara, Hugo Motta
(Republicanos-PB), subiu ao púlpito e encontrou uma recepção gelada com vaias e
o coro “sem anistia” ecoaram antes mesmo de a fala ganhar tração, enquanto o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhava a cerimônia ao lado do palco.
A reação do público deixou claro que, naquele momento, o sentimento nas
arquibancadas pesava mais pela cobrança por justiça e memória do que pela
liturgia dos cargos.
Motta tentou saudar as iniciativas legislativas em educação
e tecer elogios à gestão federal, mas a plateia, majoritariamente formada por
docentes e apoiadores do presidente, transformou a fala em palco de protesto.
Lula, percebendo a tensão, ergueu-se e permaneceu ao lado do presidente da
Câmara numa tentativa visível de conter os ânimos e preservar a ordem do ato
institucional. O gesto do presidente foi interpretado por aliados como sinal de
comando e respeito à instituição, mas a resposta popular ressaltou o abismo
entre discurso institucional e expectativa das ruas.
O episódio revela duas leituras políticas simultâneas, a
capacidade do governo federal em manter amplo apoio entre categorias-chave como
a dos professores, e a persistência de demandas que não se resolvem apenas com
cerimônias. Para o PT, o momento serviu para reafirmar a prioridade na agenda
educacional e para mostrar liderança institucional de Lula frente a confrontos
públicos; para os críticos, foi prova de que a Casa Legislativa ainda caminha
em rota de colisão com parte da sociedade organizada.
No fim, o saldo político do dia foi favorável ao Presidente
com a presença e a postura de Lula transformaram a vaiada em imagem de comando
presidencial, enquanto os gritos de “sem anistia” permaneceram como lembrete de
que a base social espera medidas concretas e não apenas declarações solenes.
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