Do outro lado do espectro, alas do Centrão e partidos que
historicamente fazem acordos com setores empresariais, como PL, União Brasil e
Republicanos, demonstraram simpatia ou, no mínimo, tolerância com a estratégia
de Tarcísio, ao verem na blindagem um instrumento de estabilidade para atores
econômicos que financiam campanhas e ocupam espaços decisórios. Esses grupos,
em votações recentes sobre matérias fiscais e regulatórias, sustentaram
posicionamentos que o PT classifica como de proteção a interesses privados em
detrimento do interesse público.
O efeito prático dessa disputa é claro, a política
brasileira volta a ser palco de choques entre reconstrução social e manutenção
de privilégios. No discurso oficial, Lula respondeu com firmeza, reafirmando
que governo e base parlamentar não negociarão cortes em políticas públicas nem
renunciarão à cobrança justa sobre grandes fortunas e mecanismos que garantam
transparência fiscal. Para o PT, a história deve ser outra, e as urnas, o
espaço para decidir se o país prefere proteger elites ou ampliar direitos.
A manobra de Tarcísio também funciona como termômetro
político. Se conseguir costurar apoio no Centrão, sinaliza uma direita capaz de
se recompor em torno de um candidato que promete segurança aos poderosos, se
fracassar, expõe a fragilidade de uma estratégia baseada em interesses
econômicos fechados. Para o governo Lula, a oportunidade está posta,
transformar a denúncia em narrativa, mostrar que blindagem para bilionários
significa menos recursos para o povo, e converter a reação em uma frente
política que una partidos, movimentos sociais e opinião pública em defesa de um
projeto de país que priorize inclusão sobre privilégio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário