Lembro bem quando comecei a reclamar disso, anos atrás. A primeira vez que vi o Halloween sendo tratado como algo “nosso” foi numa matéria do Jornal Hoje, depois repercutida pelo Jornal Nacional da rede Globo de Televisão. Mostravam a festa típica estadunidense, e logo em seguida outros canais começaram a dar espaço para o tema, incentivando que no Brasil acontecesse o mesmo. E não é que conseguiram? Hoje, todo ano, essa encenação se repete. Escolas públicas municipais e estaduais gastam tempo e dinheiro com isso, incentivam os alunos a se fantasiar, e ver professor de História incentivando uma sandice dessa, fico abismado em ver como se naturalizaram algo tão alheio à nossa realidade.
O Brasil tem essa característica curiosa, adora copiar os Estados Unidos. Mas o que me incomoda de verdade é o papel da mídia, especialmente da Globo, que todos os anos reforça essa ideia, cria matérias, inventa até um “Dia do Halloween” brasileiro, enquanto ignora manifestações culturais nossas, riquíssimas, que mereciam muito mais espaço.
E não é por falta de opções. Temos personagens, tradições e festas populares que poderiam ser celebradas com a mesma força. Mas não: preferem importar um produto pronto, embalado e vendido como se fosse algo indispensável. Como diria Boris Casoy, “isso é uma vergonha.”
O Dia do Folclore Brasileiro, celebrado em 22 de agosto,
deveria ocupar um espaço muito maior dentro das escolas e da formação das
nossas crianças. É nesse dia que temos a oportunidade de valorizar personagens
como o Saci, a Iara, o Curupira, o Bumba Meu Boi e tantas outras expressões que
carregam a alma do nosso povo. Se não dermos a devida importância a essas
manifestações, corremos o risco de vê-las se perderem diante da avalanche de
referências estrangeiras que chegam todos os dias. Ensinar o folclore às novas
gerações não é apenas preservar histórias do passado, mas garantir que nossas
raízes culturais continuem vivas, pulsando no imaginário coletivo e
fortalecendo a identidade brasileira.

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