Enquanto Castro buscava responsabilizar o governo federal,
alegando falta de apoio, o Ministério da Justiça rebateu afirmando que não
houve solicitação formal de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, por sua vez, tem defendido um modelo de segurança pública
baseado em inteligência, integração entre União e estados e investimentos
sociais em territórios dominados pelo crime. O programa “Segurança com
Cidadania”, lançado em 2025, prevê recursos para policiamento comunitário,
ampliação de centros de juventude e fortalecimento da investigação contra o
crime organizado. Castro, no entanto, atacou publicamente a proposta,
chamando-a de “ingênua” e “leniente”, preferindo apostar em operações de
confronto que resultam em tragédias como a de ontem.
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e a
Defensoria Pública da União já solicitaram explicações ao governo estadual
sobre a condução da operação, questionando a proporcionalidade do uso da força
e a ausência de protocolos que garantissem a segurança da população civil. Para
especialistas, a insistência de Castro em militarizar o enfrentamento ao crime,
sem coordenação com o governo federal, revela mais uma estratégia política do
que uma política de segurança efetiva. O saldo de mortos, armas apreendidas e
comunidades traumatizadas reforça a percepção de que o governador busca
capitalizar politicamente em cima da violência, enquanto a vida de moradores
pobres segue sendo tratada como dano colateral.
O contraste entre os dois projetos é evidente, de um lado,
Lula aposta em inteligência, prevenção e integração; de outro, Castro insiste
em operações espetaculares que terminam em carnificina. A tragédia no Alemão e
na Penha expõe não apenas a falência da política de segurança do Rio, mas
também a incapacidade do governador de dialogar com a União. No fim, quem paga
a conta é a população, que vê suas ruas transformadas em trincheiras e seus
direitos pisoteados em nome de uma guerra que só fortalece o ciclo da
violência.

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