Feira de Santana amanheceu sob a sombra de uma operação que busca desmontar uma teia de crime e política. A Polícia Federal localizou um carro blindado ligado ao deputado Kléber Cristian Escolano, o Binho Galinha, abandonado em área de mata, com sinais de equipamento e comunicação via satélite, enquanto a investigação avança com bloqueio de bens e prisões de aliados.
As apurações descrevem um grupo acusado de longa atuação em
lavagem de dinheiro oriunda de jogo do bicho, agiotagem, extorsão e outras
práticas que, segundo investigadores, teriam sido operacionalizadas por
empresas de fachada e “laranjas” para ocultar recursos. A Justiça decretou
mandados de prisão e busca em endereços de Feira de Santana, Salvador e
municípios da região, o deputado, no entanto, não foi localizado e passou a ser
considerado foragido, conforme relatos da polícia local.
A cena do carro blindado numa trilha e a detenção de agentes
públicos reacendem uma preocupação central, a convivência entre poder local e
estruturas criminosas quando o aparato do Estado falha em separar funções
públicas de interesses privados. A operação é um desdobramento de investigações
anteriores que já haviam criado um mapa de alertas sobre a atuação do grupo na
região.
Ainda que a peça central, o paradeiro do deputado, permaneça
em aberto, o recado institucional é claro, as forças de investigação ampliaram
seu raio de ação e as medidas cautelares agora visam não só pessoas, mas a
estrutura financeira que sustenta o esquema, com bloqueios e suspensão de
atividades empresariais ligados aos investigados.
Para a sociedade local, o efeito prático promete ser
imediato, enfraquecimento das fontes de coação e de financiamento clandestino,
e espaço para que disputas eleitorais regionais sejam menos contaminadas por
redes ilegais que atuam na sombra. A transparência das próximas decisões
judiciais e a responsabilização penal serão os termômetros do real alcance
desta operação.
A investigação seguirá em campo e em sigilo parcial para não
comprometer provas, os próximos passos incluem rastreamento financeiro
aprofundado e diligências para localizar os foragidos e esclarecer a extensão
dos vínculos com agentes públicos e privados na cadeia política da região.
No curto prazo, a operação resgata para o debate público uma
pergunta dura, até que ponto as estruturas de poder local se recuperam quando
suas lideranças são atingidas, e quem preenche o vácuo político deixado por
figuras que, se confirmadas as acusações, foram ponte entre o crime e o
eleitorado? As respostas virão pelas decisões da Justiça e pelo escrutínio da
sociedade sobre a lisura das próximas eleições na Bahia.
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