Como a articulação presidencial converteu promessa em renda no bolso do brasileiro


A vitória na Câmara, que aprovou a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, tem um autor político claro, Luiz Inácio Lula da Silva. Não foi só um acerto técnico, mas uma operação de comando que misturou leitura de clima social, pressão parlamentar e negociação firme com bancadas, e que entregou, em tempo político útil, um resultado com impacto imediato na vida de milhões.

Desde as primeiras horas, o Palácio encontrou no presidente Lula um ator central na estratégia, falar com base, articular com partidos aliados, ajustar o discurso para neutralizar críticas e alinhar o governo com o sentimento de quem sente a inflação no carrinho do mercado. A linguagem adotada foi prática e presidencial, promessa cumprida, traduzida em medida concreta que aumenta o poder de compra da camada mais fragilizada da classe média e de muitos aposentados.

A articulação não se resumiu a discursos. Lula coordenou encontros com líderes de bancada, autorizou concessões pontuais para acomodar resistências e acionou ministros para afinar os números fiscais que sustentaram a proposta. O resultado no plenário foi a tradução dessa governança ativa, uma maioria cristalina que confirmou capacidade de transformar plataforma eleitoral em política pública palpável.

No plano econômico, o gesto presidencial tem efeito simbólico e real. Simbolicamente, reposiciona o governo como protagonista das soluções para o aperto cotidiano, materialmente, deve liberar renda imediata no contracheque de trabalhadores formais e aposentados, com reflexos em consumo e nas cadeias locais de comércio e serviços. A comunicação do Planalto soube explorar esse duplo efeito com clareza e rapidez.

Politicamente, a vitória fortalece o projeto de centro-esquerda do governo Lula, mostrou capacidade de articulação sem abdicar de prioridades sociais e reforçou a narrativa de que é possível combinar responsabilidade fiscal com políticas redistributivas. Para aliados, a medida é prova concreta de que o Executivo ainda detém força para moldar a agenda econômica, mesmo em ambiente legislativo fragmentado.

Resta, agora, a etapa de implementação e o trabalho com o Senado para garantir compensações orçamentárias viáveis. Mas a cena que fica é emblemática, um presidente que escolheu enfrentar a guerra de narrativas com pragmatismo e articulação, convertendo promessa em medida concreta. Em ano de disputas políticas acirradas, a aprovação da isenção do IR será lida como um capítulo em que Lula voltou a demonstrar habilidade para, quando necessário, fabricar resultados que cheguem direto ao bolso do eleitor.

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