Eles não vão nos calar. (Por Emiliano José)

...Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada...

É um trecho de um poema dos anos 60, de Eduardo Alves da Costa, um brasileiro, tantas vezes falsamente atribuído a Maiakóvski, e isso em decorrência do título - No caminho com Maiakóvski. Essa parte ficou famosa. Mas nesse momento que vivemos, de Marielles, Andersons, Marcinhos, quando o terror estimulado pelo golpe resolveu matar militantes da esquerda certos de que ficarão impunes, é importante lembrar outro trecho:

... Nos dias que correm, a ninguém é dado repousar a cabeça alheia ao terror.

Por Emiliano José.

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