Três homens em conflito. (Sócrates Santana)


Não é faroeste, mas, a eleição de Jacobina virou um roteiro digno de Clint Eastwood. De um lado, o coronel, o cativo, o ex-prefeito do município, Leopoldo Moraes Passos (PDT). Do outro, o médico, o inelegível, o outro ex-prefeito, Rui Macedo (PMDB). Mais adiante, o comunista, o nativo e deputado federal, Amauri Teixeira (PT). Entre eles, uma mulher: a atual prefeita, Valdice Castro (PP).
A corrida sucessória na cidade do ouro está longe de virar uma disputa para quem fica com a mocinha. A dama, no caso, a prefeita, responde pela vontade política do patriarca, o ex-prefeito e marido, Leopoldo. E ponto. Ou seja: apesar da candidatura a reeleição ser da mulher, é o senhorzinho quem faz os acordos e as alianças do jogo sucessório local.
O ex-prefeito tem um gatilho rápido. Sem pestanejar, conseguiu construir um cenário eleitoral para nenhum pistoleiro colocar defeito. Atiraram para todos os lados. Em 2010, Leopoldo e Valdice, ambos filiados ao DEM, fecharam uma conta um pouco difícil de bater. Mas, política não é matemática.
Ela, Valdice, apoiou Jaques Wagner. Ele, Leopoldo, apoiou Paulo Souto. Ambos apoiaram para deputado federal Jorge Khoury (DEM) e para deputada estadual Eliana Boaventura (PP), além do candidato ao senado, José Carlos Aleluia. Com exceção do governador dos baianos, todos os candidatos apoiados pelo casal “jacu” perderam.
Após o processo eleitoral, ambos, Leopoldo e Valdice, saíram do DEM e migraram para partidos da base aliada do governador Jaques Wagner, respectivamente, PDT e PP. Enquanto isso, os dois principais responsáveis pela derrota do status quo local, Amauri Teixeira e Rui Macedo, ambos aliados dos governos petistas, seja no âmbito nacional, seja no âmbito estadual, assistem consternados a manobra desconcertante do último coronel do ouro.
Unidos, Amauri e Rui, obtiveram 50% dos votos válidos das eleições proporcionais de Jacobina. O petista conseguiu conquistar uma cadeira na Câmara Federal, sendo o deputado mais votado do município. O peemedebista não conseguiu uma vaga na Assembleia Legislativa da Bahia, mas, obteve praticamente a mesma votação do eleito, Amauri Teixeira. Teoricamente, o palanque das oposições em Jacobina estaria montado. Mas, a teoria, na maioria das vezes, na prática é outra.
Sem o aval ainda dos irmãos, Geddel Vieira Lima e Lúcio Vieira Lima, o ex-prefeito Rui Macedo não fechou nenhum acordo com a candidatura petista. Talvez, Jacobina, seja a única cidade-pólo capaz de reunir no mesmo palanque PT e PMDB na Bahia.
Após superar a dificuldade de unificar as oposições em Jacobina, a próxima tarefa será definir com quem o governador Jaques Wagner irá subir no palanque. Afinal de contas, numa história onde o coração da mocinha já tem dono, resta aos cowboys disputarem com quem fica a cidade.

Sócrates Santana é jornalista.

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