Fortalecer o trabalho das mulheres e valorizar a produção
familiar. Esses são alguns dos objetivos alcançados com a adoção das Cadernetas
Agroecológicas. Na caderneta, as agricultoras familiares registram o que
produzem nos quintais produtivos, quanto é vendido, quanto é consumido e também
doado. Como resultado, elas passam a ter uma melhor dimensão do volume de
produção e de renda gerado, a partir das suas atividades produtivas que antes
não eram registradas.
As Cadernetas Agroecológicas passaram a ser utilizadas como
ferramenta essencial para dar destaque e valorizar o trabalho desenvolvido pelas
mulheres beneficiárias do Pró-Semiárido, projeto executado pela Companhia de
Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vincula à Secretaria de
Desenvolvimento Rural (SDR), por meio de acordo de empréstimo entre o Governo
do Estado e o Fundo Internacional de
Desenvolvimento Agrário (FIDA).
“Essa ferramenta é muito rica porque ela não só vai
sistematizar a renda monetária e não monetária e ainda vai trazer relações de
vínculos e de solidariedade. São relações que a gente não consegue contabilizar
quando se olha através da economia clássica. Nós precisamos analisar por meio
de uma outra lente, e no projeto nós vamos analisar a partir da lente
feminista”, explica a assessora de gênero do Pró-Semiárido, Elizabeth Siqueira.
Para melhor utilizar a ferramenta, a equipe técnica do
projeto participa de uma capacitação sobre o uso das cadernetas. A ideia é que,
ao ir até as comunidades, a equipe tenha condições de melhor instruir as
mulheres para inserir as informações do seu dia a dia. A formação foi realizada
nesta segunda-feira (20), em Juazeiro, e segue na quarta-feira (22), em
Jacobina, e quinta-feira (23), em Senhor do Bonfim.
Ana Celsa, técnica do Serviços de Assessoria a Organizações
Populares Rurais (Sasop), uma das facilitadoras da formação, que acompanha o
trabalho com as cadernetas junto às agricultoras de Camamu, falou sobre os
desafios e resultados que a ferramenta aponta: “A gente teve um grande desafio
com as mulheres que não sabem ler e escrever, mas elas mesmas criaram as saídas
e pediram ajuda a filhos e netos para assim sistematizar na caderneta. Uma
outra questão importante foi elas entenderem a renda que é não-monetária, que é
a que se tem com os alimentos que não são comprados, que são produzidos por
elas”.
Ana Celsa destaca ainda que as cadernetas contribuem para
que as mulheres tenham mais segurança para se colocar em espaços de discussão
de políticas públicas: “O resultado foi um maior empoderamento, e maior
participação das mulheres em espaços de discussão de políticas públicas, de
questões da comunidade e da associação. O movimento das cadernetas faz com que
a gente inclua mais essas mulheres”.
Além dos territórios de atuação do Pró-Semiárido, as
cadernetas também serão utilizadas por técnicos da Superintendência Baiana de
Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater). Estima-se que cerca de 200 mulheres façam o
uso sistemático das cadernetas e que as informações deem condição de aferir a
renda e a diversidade da produção nos quintais.
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