Tenho lido muitos comentários, e até ouvido de gente
importante, que o país está nas mãos da extrema direita, e daí a desgraça.
Não, não está, e melhor que estivesse.
E porque digo melhor que estivesse?
Porque estaríamos travando uma luta ideológica e não de
sobrevivência do país e seu povo.
E que garantias dou que não estamos nas mãos da extrema
direita?
Assim como a extrema esquerda se caracteriza pelo comunismo
ortodoxo, fundamentalista (no sentido de se fundamentar nos escritos de Marx,
literalmente), na extrema direita temos o nazi-fascismo, ortodoxo ou em suas
variações (neo).
Parêntesis: acho engraçadíssimo, os bolsonaristas afirmando
que o nazismo é uma doutrina de esquerda, alegando a palavra socialismo
(Nationalsozialistische Deutsche – Nacional Socialismo Alemão) no nome do
partido justifica. Cá temos o PSDB, um partido neoliberal, com Social Democracia
no nome ou, ironia das ironias, o Democratas (Dem) como sucessor, em linhagem
direta, da Ditadura Militar.
Tivessem lido Hitler (Mein Kampf, Minha Luta) e logo no
intróito teriam lido líder Hitler conclamando o empresariado alemão a
contribuir com “a reconstrução da Alemanha”, saberiam que as multinacionais
alemãs de hoje nasceram na guerra, mas deixemos os bolsonaristas pra lá,
precisam aliviar o mito neonazi.
O nazismo e o fascismo têm duas características que os
golpistas não têm: são partidários de um estado forte e, por conseqüência, são
extremamente nacionalistas, chegando à xenofobia.
O atual governo brasileiro não tem caracterização
ideológica, é simplesmente uma quadrilha de mercenários servindo ao capital
multinacional, não por ideologia, mas por comissões, por dinheiro.
E como chegaram ao poder, sem uma matriz ideológica que os
sustente e justifique?
Com a América Latina se inclinando para a esquerda, não por
deliberação de governos, mas por evolução natural das exigências sociais
(Chávez-Maduro, Kirchner, Evo Morales, Lugo, Bachelet, Mujica, Lula...), com o
nacionalismo em alta e políticas de justiça social se aprofundando, o império
contra atacou, optando pela judicialização da política, fazendo nos tribunais o
que outrora fizera nos quartéis, corrompendo e doutrinando.
No Brasil ficou fácil: com uma vasta quadrilha sob
suspeição, às portas dos tribunais, graças à política anticorrupção então
empreendida por Lula e Dilma, fortalecendo o Ministério Público e a Polícia
Federal, quase os emancipando, bastou inverter a mão, transformando os deslizes
dos governantes em crimes hediondos ou criando crimes inexistentes, com o apoio
da mídia impondo a política de comitiva (condução de boiada, termo pantaneiro).
Assim, notórios e históricos corruptos (Cunha, Gedell, Jucá,
Temer, Moreira Franco...) chegaram ao poder.
Despreparados, porque não mais que ladrões, em toda a
carreira política, subordinaram-se, por questão de sobrevivência política, a
homens de confiança do império, onde sobressai o nome de Henrique Meirelles, ex
presidente Mundial do Bank Boston, e do PSDB, com Aécio Neves, notório
corrupto, fazendo a ponte.
O povo brasileiro hoje resiste não a uma doutrina, a uma
filosofia ou opção ideológica, mas à criminalidade e ao colonialismo.
A degradação moral brasileira chegou a tal patamar que o
embate não se dá mais entre esquerda e direita, mas entre a honestidade e o
banditismo, o colonialismo e o patriotismo.
Por Francisco Costa.
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