Potencialidades da agricultura familiar são identificadas por meio do serviço de ATER.


Observar as unidades produtivas de agricultores e agricultoras familiares e identificar potencialidades estão entre as atividades realizadas pelos técnicos em Agropecuária e/ou Engenheiros Agrônomos que executam serviço de assistência técnica e extensão rural (ATER) ofertados pela Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). Atualmente, mais de 140 mil famílias são atendidas em comunidades rurais do estado do Bahia.

A ATER é executada diretamente por técnicos da Bahiater, em parcerias com entidades executoras do serviço, selecionadas por chamadas públicas e por meio do Mais ATER, com convênio firmado parceria com prefeituras municipais, destinado à estruturação produtiva e articulação das políticas públicas para promoção da sustentabilidade das Unidades Produtivas Familiares (UPF).

A comunidade de Cercadinho, no município de Santa Terezinha, é uma das atendidas pela Cooperativa de Assessoria Técnica e Educacional para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Cootraf), selecionada por meio de chamada pública para a prestação de serviço de ATER no Território Piemonte do Paraguaçu.

Roberto Guedes é um dos agricultores atendidos pelo serviço de ATER na comunidade de Cercadinho, em Santa Terezinha. Ele conta que depois do acompanhamento da ATER, o desempenho da agricultura familiar na comunidade melhorou: “Antes só plantávamos mandioca, agora estamos plantando também aipim, hortifruti, mangalô e feijão. Os técnicos ensinam, passam os conhecimentos e as coisas melhoraram muito”.

Na propriedade do agricultor não se usam agrotóxicos, e, com as orientações passadas pelos serviços de ATER, o agricultor passou a utilizar produtos naturais para combater as doenças e pragas, além de melhorar o manejo com os porcos, com a produção de medicamentos alternativos. Apesar de não haver ainda o fornecimento de água potável, a família consegue produzir mesmo em períodos de seca, usando um poço coletivo, perfurado a anos atrás e ativado por meio da união e do esforço da comunidade. A água do poço é distribuída para dez famílias. Para o consumo, a comunidade utiliza a água armazenada em cisternas instaladas pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).

“A expectativa é a de que vamos ter um bom respaldo financeiro. Antigamente, só entrava o dinheiro da venda da farinha, hoje em dia temos também as hortaliças, que nos possibilita comprar pão, leite e açúcar. Essa renda semanal ajuda em uma coisa”, ressaltou Guedes, lembrando que a esposa já conseguiu comprar também uma lavadora, com o dinheiro da venda do mangalô. 

De acordo com o técnico em Agropecuária da Cootraf, Sidinei Sobral, Roberto Guedes será um dos agricultores experimentadores. Ele explica que toda prática de ATER visa provocar um diferencial experimental em comunidades atendidas e uma delas é a de Roberto, que possui uma estrutura adequada na horta e o diferencial de ter água permanente para a irrigação, mesmo em períodos de estiagem: “No período de seca eles vão aumentar a produtividade e, consequentemente, o lucro. A indicação é que eles possam ir substituindo parte da área destinada ao plantio de mandioca, que é o carro chefe deles, pelas hortaliças”.

Sobral explica que na zona rural todo agricultor planta algumas hortaliças com a sobra da água, mas como nessa comunidade havia escassez de água, não era viável: “Com o Agroamigo, programa de acesso ao crédito para agricultores familiares, eles investiram e instalaram uma bomba no poço e aí está o resultado, o potencial comprovado para hortaliças”. 

O técnico destaca ainda que no acompanhamento foi identificada ainda a possibilidade de criar peixes. Os técnicos da Cootraf primeiro ouvem os agricultores e as suas demandas, para adaptar o serviço de ATER, como foi o caso dos peixes. Para a comunidade de Cercadinho chegaram cerca de sete mil alevinos, divididos para nove famílias. Alguns tanques já funcionam de forma intensiva sob a orientação da cooperativa: “A expectativa é que eles usem a água dos alevinos para biofertilização e irrigação da horta, diminuindo os custos com adubos, com a produção de forma natural e mais orgânica possível”.

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