Melhor esperar (Por Leandro fortes)


Fico pensando nessa bola, essa massa esférica de verniz atmosférico, azulada, girando em torno do sol, uma ameaça cósmica impregnada por um vírus mortal a ameaçar sua frágil espécie dominante.

Caso haja outros a nos observar, à espera do contato, é certo que dizem, a seu modo alienígena, a dar de ombros, ou de outros membros que nem imaginamos existir: melhor esperar.

No meu quintal curto, mas verde e florido, tem um pedaço de céu tão azul que fica difícil de acreditar na virulência desses dias. À noite, quando, das pedras desse jardim, o escuro me apresenta uma dezena de estrelas brilhantes, minha incredulidade aumenta.

Mas concordo, dentro da possibilidade de outros mundos, com os que, imagino, podem existir por lá: melhor esperar.

E quando metade da bola gira para sua aventura noturna, na parte que lhe cabe no dia, e é o Brasil, iluminado, diante das estrelas, é quando eu sinto vergonha.

Porque se essa dor tem uma cor, no toque da luz que vem do universo profundo, é esse torrão banhado de mar, governado pela morte e pela tristeza, que mais avisa aos que pensam em, por aqui, aportar: melhor esperar.

Por: Leandro Fortes.

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