Não! Não sejamos ingênuos. A condenação a nove anos e meio de prisão não
é a Lula! Lula – mesmo sendo um dos maiores líderes populares do mundo desde o
último século - é apenas uma metonímia.
Da mesma forma que o golpe não foi contra Dilma e nem contra o PT, a
condenação também não é contra Lula.
A condenação feita por este juizinho de 1ª instância também não é dele,
que é apenas um joguete nas mãos da elite nacional, quiçá internacional. A
condenação é da elite ao povo pobre e trabalhador do Brasil. Não basta aprovar
a Reforma Trabalhista contra os trabalhadores e a favor dos patrões: é preciso
dizer a este povinho que seu líder não o salvará a partir de 2019.
A condenação é contra aqueles 42 milhões de brasileiros que ascenderam à
classe média nos 13 anos de governo petista. A condenação é contra os 22
milhões de cidadãos que deixaram a pobreza extrema para trás e passaram a comer
três vezes ao dia. A condenação é contra um processo de desenvolvimento que
conseguiu tirar o Brasil do Mapa da Fome que os golpistas nunca conseguiram
saciar.
A condenação é contra o Programa Luz Para Todos, o Pronaf, o Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil, o Brasil Alfabetizado e o Brasil Sorridente.
É contra as políticas sociais que praticamente eliminaram a miséria no Brasil.
A condenação é contra a igualdade. Os que condenam o maior líder que os
trabalhadores brasileiros já construíram, absolvem o mercado: “as bolsas
reagiram bem à condenação e fecharam em alta”.
A condenação é contra a valorização do salário mínimo, contra a geração
de 21 milhões de empregos formais criados em treze anos. Quem condena quer
ultrapassar a fabulosa marca de 14 milhões de desempregados: assim,
implementa-se facilmente a reforma trabalhista em que o desempregado há vários
meses, há anos, poderá negociar livremente com o patrão um salário menor, com
jornada intermitente, sem horas extras, sem férias de um mês, enquanto sua
esposa amamenta seu filho em meio à poeira, radiações e ao calor.
A condenação é contra a Petrobras, o pré-sal, pela privatização e pela
desnacionalização de nossas riquezas naturais.
A condenação é contra os programas que abriram as portas das
universidades brasileiras para pobres, negros e deu diplomas a favelados. A
condenação é contra o ENEM, contra o FIES, contra o ProUni e o Reuni. É contra
o Ciências Sem Fronteiras, que levou alunos de escolas públicas a estudar em
universidades do mundo inteiro. É contra as cotas que efetivaram direitos
iguais.
A condenação é contra a emancipação de nosso povo e pela volta à
senzala. De onde nunca deveria ter saído. É pela Lei do Sexagenário de 1885:
reformar a Previdência e nos matar de trabalhar!
A condenação é contra o SUS e o Mais Médicos, que levava assistência
básica à saúde a mais de 60 milhões de brasileiros que antes estavam
desassistidos. A condenação é para que o deus mercado assuma seu lugar de nos
oferecer, “a preços módicos”, saúde nunca preventiva. A condenação é pela
doença que rende lucros.
A condenação é contra o Minha Casa, Minha Vida. É para jogar milhões nas
ruas sujas e frias deste País.
A condenação é contra os nordestinos, esse povo burro que vota por causa
do Bolsa Família e que não merecia a transposição do Rio São Francisco.
A condenação nunca foi a Lula. É contra a política externa de cabeça
erguida implementada pelo “o Cara”. É contra o fim da ALCA e dos empréstimos ao
FMI. É contra a integração regional e os BRICS.
A condenação é contra essa altivez que adquirimos mundo afora, é contra
a Copa do Mundo e as Olimpíadas que realizamos aqui, é para nos devolver o
complexo de vira-latas.
A condenação é contra a criação da CGU, contra a autonomia da PF e
contra todo o equipamento que ela recebeu em 13 anos.
A condenação é pela impunidade, para resolver tudo num grande acordo
nacional, com o Michel, com o Supremo de Gilmar, Rosa Weber, Marco Aurélio, com
tudo.
Ao mesmo tempo em que devolvem ao Senado um assassino confesso, liberam o
coronel Geddel Vieira Lima da prisão, e aprovam a Reforma Trabalhista, a elite
brasileira e seus lacaios condenam o povo brasileiro a nove anos de prisão.
A condenação é contra a democracia e a esperança...
Sim, estamos tristes. Estamos indignados! Mas nunca estamos sem
esperança! Nossa esperança, nem moro, nem o PSDB, nem ninguém aprisionará!
Estamos de luto... mas estamos na luta! Até a vitória! Siempre!
Por Prof. Reinaldo Fernandes.
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