Desanimar, jamais! (Por Cris Pena)


Sei que sou um grão de areia no deserto e as vezes bate um desânimo enorme com que estão fazendo no país e um nojo ainda maior dos que armaram tudo isso, sejam esses corruptos no poder, seja o pato amarelo, os movimentos comprados e os paneleiros hipócritas que sumiram. Raiva também da esquerda brasileira, desarticulada, desunida, apática e sem reação alguma. Esperar que os que armaram o golpe reajam ao que colocaram no poder? São os mesmos que quase tornaram Aécio presidente e que sempre governaram esse país apenas de acordo seus interesses mesquinhos e espúrios. Estão felizes com a corrupção da qual sempre se beneficiaram e com o desmonte das políticas sociais que sempre odiaram.

Agora, esperávamos que a esquerda, os movimentos sociais organizados, os sindicatos, os intelectuais, os artistas ao menos reagissem a altura do descalabro que Temer está causando nos direitos, nos gastos sociais, sem falar na questão da corrupção que ultrapassou todos os limites. Vejo movimentos desorganizados, desconectados e esporádicos. A reação dos sindicatos a essa Reforma Trabalhista foi pífia. Na Europa fizeram greves de dias, paralisaram transportes, tomaram as ruas contra reformas assim. Desde antes do golpe eu dizia que reagir apenas nas redes sociais não adiantaria nada e repito essa afirmação por que esses que estão no poder só precisam prestar contas a quem os colocou lá: a elite brasileira na figura do Pato Amarelo/Mercado cujo porta voz é a mídia e a correia de transmissão para executar suas vontades é o Governo e Congresso corruptos, onde o Judiciário é apenas o avalista de tudo.

As vezes me sinto pregando no deserto e dá vontade de parar. Mas quando lembro da possibilidade de um Bolsonaro ou um tucano vencer em 2018, quando me deparo com os absurdos cometidos por esse governo temeroso em todas as áreas, quando vejo a hipocrisia dos paneleiros, a desunião da esquerda e lembro dos meus amigos e seguidores, das pessoas que me ajudam compartilhando textos e ideias, e até das críticas construtivas, vejo que é preciso continuar. Outro dia, uma pessoa que conheço, que é próxima ao Presidente Lula, afirmou que chegou numa conversa entre um jornalista e o fotógrafo do presidente e escutou os dois falando de um tal de Cris Penha e dos meus textos. Ontem um desconhecido leu um texto meu num post de um artista e comentou que só leu o textão característico por que era meu. E aí eu tive uma ideia do alcance das coisas que escrevo, bem como de outros amigos e sites com alcance muito maior que o meu.

E o mais importante não é tentar convencer ninguém, pois quem odeia o PT e a esquerda, é de direita ou teve o cérebro lavado pela mídia, não vai mudar, e nem precisamos dessa gente ao nosso lado. Mas é importante mostrar que quem deu a vitória a Lula em 2002 e 2006 mudou esse país pra melhor e que não vão apagar nem distorcer a história na memória de milhões de brasileiros. Que os mais de 54,5 milhões de eleitores de Dilma não estavam errados ao escolher ela ao invés de Aécio. Que quem foi contra o Golpe tinha razão. E que é preciso defender até as últimas consequências a volta da democracia e de políticas que criem oportunidades iguais para todos. Por que no dia que deixarmos de acreditar nisso, sofreremos a maior e definitiva derrota para os que nunca quiseram desenvolver o Brasil para todos os brasileiros.

Por Cris Pena.

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