Chefs baianos participam de tour pela cadeia produtiva caprinovinocultura.

A ação faz parte da estratégia do Governo do Estado para fortalecimento do setor que é essencial para o semiárido. 
Englobando 265 dos 417 municípios que compõem o estado, o semiárido é de longe a maior parte do território baiano, concentrando uma população de quase sete milhões de pessoas ou 48% da população. A pouca água impede que a agricultura da região se desenvolva na que tem na caprinovinocultura uma alternativa de sobrevivência e desenvolvimento.

Para garantir condições de crescimento da atividade, o Governo do Estado já investiu R$ 21,1 milhões por meio do programa Bahia Produtiva, uma ação da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) que financia projetos de inclusão produtiva e acesso ao mercado, socioambientais, de abastecimento de água e esgotamento sanitário, nas comunidades rurais mais pobres da Bahia.

Durante esta semana, mais uma ação foi desenvolvida para o fortalecimento da caprinovinocultura, setor em que a Bahia lidera o ranking nacional. Um tour pela cadeia produtiva do bode reuniu alguns dos principais nomes da gastronomia baiana e agricultores familiares para troca de informações sobre o processo produtivo de bodes e ovelhas, no município de Pintadas.

Os chefs de cozinha Caco Marinho, do Doc Casual Dinning; Bruna Moreira, do Assador Gastrobar; Rafael Zacarias, do Bravo Burguer & Beers; Jadson Nunes, ex-chef do Restaurante 33; e Gabriel Rodrigues, chefe da boutique de carnes Boucherie, foram os primeiros a participarem do projeto Expedições Gastronômicas: da roça para a mesa, que garante conhecimento e aproximação entre produtores e consumidores.   

Os visitantes conheceram um pouco mais sobre a produção de caprinos e ovinos para corte, tiraram dúvidas e visitaram um abatedouro frigorífico para acompanhamento do abate e corte dos animais. Para Rafael Zacarias, a iniciativa contribui para a quebra do preconceito em relação a carne do bode.

“Estávamos buscando exatamente valorizar o que temos aqui no estado. Por que comprar de fora se temos boas carnes aqui na Bahia. Saber como o bode é produzido, como é o corte, como é o cuidado dos produtores rurais, nos dá procedência do alimento. Isso agrega valor ao produto”, destaca Zacarias.      

O chef Caco Marinho, que pesquisa combinação de sabores e a origem dos alimentos para a criação de novos pratos, destaca que a carne de bode tem potencial. Para Marinho, o alimento é economicamente viável desperta o interesse. “O bode é uma excelente carne. Tem pouca gordura e é saudável. Sem dúvida, a carne do bode pode entrar no menu dos pratos mais sofisticados”, ressalta.

A iniciativa é uma parceria entre a SDR e o movimento Slow Food e tem o objetivo de divulgar os produtos da agricultura familiar e aproximar produtores e cozinheiros interessados na carne de caprino.

“O Slow Food é um movimento internacional que nasceu na Itália e chegou ao Brasil no final dos anos 90. Tratamos da divulgação e promoção da biodiversidade local, aproximando consumidor do produtor, dentro da filosofia do produto bom, limpo e justo. Queremos desmitificar que a carne do bode é rançosa e não é boa. A carne é boa e saudável”, afirma a coordenadora do Slow Food no Nordeste, Reveca Tapie.

“O objetivo do Bahia Produtiva é contribuir com os produtores rurais para que eles sejam mais competitivos no mercado, desenvolvendo seus produtos, criando novos produtos, tendo clientes certos para a venda do que produzem “, afirma o assessor técnico do Bahia Produtiva, Guilherme Souza. O Governo do Estado, por meio da SDR, tem contemplado cooperativas locais com editais que fomentam a assistência técnica ao pequeno produtor e a procura de mercado para a venda de produtos.

O projeto Expedições Gastronômicas reforça o trabalho desenvolvido pelo programa, fechando o ciclo da cadeia produtiva. Somente entre 2015 e 2016, o programa já aplicou 127,6 milhões, beneficiando 13.284 agricultores familiares, por meio de cinco editais, que contemplaram 398 subprojetos em cinco (apicultura, aquicultura e pesca artesanal, caprinovinocultura, resíduos sólidos e bovinocultura) das oito cadeias produtivas prioritárias do estado.

Esses subprojetos selecionados são apresentados por organizações de produtores ou associações comunitárias, que firmam convênio com o Estado para a realização das ações. Este ano foram lançados mais três editais, agora para as cadeias produtivas da mandiocultura, oleaginosas e fruticultura, com investimentos da ordem de R$ 39 milhões, encerrando o primeiro ciclo de seleção de projetos.

Com investimento total de US$ 260 milhões (cerca de R$ 800 milhões) até 2021, o Bahia Produtiva alcança todos os territórios de identidade do estado, atendendo 416 municípios. Serão beneficiadas 150 mil famílias da agricultura familiar (94.215), quilombolas (12.111), indígenas (3.232), assentadas da reforma agrária (20.468) e da economia popular (19.974).

Coordenado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa da SDR do Estado, o programa faz parte da estratégia do governo estadual para redução das desigualdades e superação da pobreza em todo o estado e sucedeu o programa Produzir, que concluiu em 2014 a última das quatro edições.


É executado com recursos de empréstimo junto ao Banco Internacional para Reconstrução de Desenvolvimento (Bird), que financia obras, equipamentos, assistência técnica, treinamento, estudos e diagnósticos de gestão, entre outras iniciativas que promovam o desenvolvimento rural sustentável de comunidades vulneráveis.

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