Festejado pela mídia convencional, a acusação é tão frágil que tem entre principais “provas” recibos de pedágio; Apartamento sempre esteve em nome da OAS
No dia 20 de abril a imprensa divulgou com estardalhaço partes de um depoimento do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro que trariam “provas” de que um triplex no Guarujá seria do ex-presidente Lula. Ocorre que as supostas provas de Léo em posse do juiz da 13 vara federal de Curitiba, Sergio Moro, ao contrário do pretendido, acabaram fragilizando ainda mais a denúncia contra Lula.
Sobre o mesmo apartamento no litoral paulista, o Ministério Público Federal do Paraná – a mesma turma do famoso power point – também contribuiu com outras “provas”: dois recibos de pedágio. Sim, foi isso mesmo que você leu. Dois recibos de pedágio provariam que Lula foi duas vezes em três anos rumo ao litoral paulista e então isso ajudaria a evidenciar que Lula é dono de um triplex.
Entenda ponto a ponto porque tais “provas” tem a solidez de uma gelatina e não convenceram nem mesmo inimigos declarados do ex-presidente, como o colunista Reinaldo Azevedo:
Absurdo 1
O MPF paranaense apresentou registros de cobrança automática de pedágio datados de 2011 e 2013, quando dois carros do Instituto Lula teriam passado pela rodovia que vai até o Guarujá. Não se sabe quem estava no carro ou o destino dos passageiros. Muito menos como dois recibos de pedágio provam que Lula seria dono de um apartamento.
Absurdo 2
Além da escritura do imóvel estar em nome da OAS, Léo Pinheiro confirmou que a empresa, além de dona do imóvel, também utilizava a propriedade como garantia em contratos com terceiros, como pode ser conferido neste vídeo do depoimento do próprio ex-executivo.
Absurdo 3
Foram anexados ainda como “provas” de que Lula era dono do apartamento supostos e-mails de supostas previsões de supostas agendas de Lula com Pinheiro. Novamente, é um mistério como tais e-mails de previsões de agenda, mesmo que verdadeiros, confirmariam que Lula é dono de um triplex.
Absurdo 4
Outras provas que teriam sido apresentadas são telefonemas de Pinheiro para pessoas próximas ao Lula a partir de 2012. Porém, o conteúdo das conversas não foi apresentado. Mesmo assim, ao que consta, na Constituição brasileira, telefonemas não valem como escrituras.
Absurdo 5
Durante as negociações de sua delação feitas em 2016, Pinheiro inocentou Lula em dois momentos e não entregou provas. Com isso, a delação premiada do empreiteiro foi travada pela Justiça, que acabou preso novamente em setembro de 2016. O fato de a delação não ter ido para frente por não incriminar Lula foi noticiado por diversos veículos, como o jornal Folha de S. Paulo.
Absurdo 6
O jornal Valor Econômico, alguns sites de notícias e também blogs antipetistas anteciparam o depoimento de Léo Pinheiro. Vazar depoimento é ilegal, assim como vazar um futuro depoimento.
Absurdo 7
O tal depoimento concedido por Pinheiro no dia 20 de abril (o que traria provas bombásticas) não tem validade legal. Não se trata de uma delação premiada – na qual o réu fala sob juramento. Pinheiro falou na condição de co-réu, o que o exime de juramento. Ou seja, conforme o próprio juiz Sérgio Moro afirmou aos advogados de Lula, Pinheiro não era obrigado a dizer a verdade. Isso mesmo que você leu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário