Grande parte da grande imprensa já começou a desqualificar as manifestações populares que estão ocorrendo em Brasília e na cidade do Rio de Janeiro.
Evidentemente, não somos favoráveis a atos inconsequentes de violência. Aliás, tais atos são sempre praticados por uma minoria dos manifestantes. Alguns excessos são mesmo inevitáveis, em se tratando de uma atuação coletiva e sem controle. Casos há em que a "massa" se torna incontrolável.
Nada obstante, é preciso contextualizar toda esta situação caótica, motivada pela perda da paciência de uma população carente, que está assistindo a um cenário de corrupção epidêmica e que seria altamente penalizada pelas tais reformas do senhor Temer, que visa satisfazer, mais uma vez, a cobiça desta classe empresarial elitista e hipócrita.
No Rio de Janeiro os vencimentos do funcionalismo não estão sendo pagos regularmente e as pensões e aposentadorias estão muito atrasadas.
Por isso, tomado por muita indignação e alguma dose de emoção, ouso fazer uma espécie de desabafo:
Baderna ou vandalismo é tirar uma presidenta eleita com 54 milhões de votos, sem qualquer crime praticado.
Baderna ou vandalismo é um congresso de corruptos modificar cerca de 100 artigos da CLT.
Baderna é o negociado sobre o legislado.
Baderna é tirar os recursos financeiros dos sindicatos.
Baderna é o desemprego cada vez mais crescente.
Baderna ou vandalismo é dificultar a aposentadoria das pessoas. Baderna ou vandalismo é diminuir substancialmente a pensão da viúva, quando morre o seu marido.
Baderna ou vandalismo é dificultar a aposentadoria dos trabalhadores, enquanto o poder público perdoa altas dívidas de empresários devedores da previdência social;
Baderna ou vandalismo é conceder isenções tributárias e renúncias fiscais, quando o poder público corta despesas de cunho social.
Baderna ou vandalismo é ser dominado pelo poder econômico. Baderna ou vandalismo é ser governado por um presidente sem voto.
Baderna ou vandalismo é ser governado por um presidente que não tem sequer 10% de aprovação do povo.
Baderna ou vandalismo é distribuir rádios e televisões aos amigos endinheirados. Baderna e vandalismo é não ter dinheiro para salvar a vida de um filho, enquanto os "riquinhos" deste país jogam dinheiro "pelo ralo".
Baderna ou vandalismo é ter que chegar às 5 horas da manhã na fila dos hospitais para ser mal atendido ao meio dia ou mais tarde ainda.
Baderna ou vandalismo é trabalhar a vida toda e viver eternamente na miséria.
Baderna ou vandalismo são os nossos índices de mortalidade infantil e de analfabetismo.
Baderna ou vandalismo é a corrupção praticada pela classe empresarial, baderna e vandalismo é a impunidade dos maiores corruptores do pais.
Baderna ou vandalismo e um congresso eleito pelo poder econômico.
Baderna ou vandalismo é um presidente da república indiciado em inquérito policial no S.T.F. e “delatado” por várias outras condutas delituosas, etc, etc, etc.
Baderna é não fazer "baderna" diante de tantas badernas ...
Por Afranio Silva Jardim, professor associado de Direito Processual Penal da Uerj. Mestre e Livre-Docente em Direito Processual (Uerj).
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